terça-feira, dezembro 21, 2021

Que 2022 traga a esperança de volta .......

Boas Festas e um Feliz Ano Novo. Quantas vezes você já recebeu ou mandou essa mensagem. Sempre que começo um texto ele nasce de uma reflexão anterior. Foi assim que me deparei com a dificuldade de desejar um Feliz Ano Novo para todos. Pelo que escuto nas ruas e recebo pelas redes sociais, não dá para desejar felicidade depois de tudo que passamos. A virada do calendário não apaga as marcas que ficaram e não nos asseguram a volta da felicidade em 2022. 

Com raríssimas exceções, e talvez não tão honrosas assim, quase todos nós perdemos muito em 2021. Amigos que se foram, parentes próximos ou distantes, vizinhos e colegas de trabalho que se somaram a tantos outros desconhecidos que morreram, serão sempre lembranças  sofridas da maior tragédia da nossa história: às 670 mil mortes por covid 19 até agora computadas. Se a gente olhar em volta é um legado que ficou de dor e que ainda está muito presente. Que felicidade pode haver para os que estão desempregados e outros tantos milhões que vivem na extrema pobreza. Como festejar negócios que fecharam, sonhos que se perderam e  jovens que buscam fora daqui as oportunidades que não encontram no seu próprio país. (*)

O ano que se inicia é de uma economia estagnada, que corre o risco  de uma recessão com inflação persistente e alta de juros em ano eleitoral. Com miséria e informalidade crescendo, o Brasil terá dificuldade de se reerguer. Poupança e investimento em queda travam o crescimento. Afora isso, o terceiro país mais pobre do mundo, está aqui dentro - faz parte do Brasil. A pobreza extrema volta a aumentar, já foi 6% da população e agora é 16%. São pessoas que ganham menos de R$246,00/mês e que faziam parte de um programa assistencial estruturado, o Bolsa Família. Agora, num ano eleitoral estão vinculados ao Auxílio Brasil, um remendo sem a garantia da continuidade. 

Por isso o que se espera em 2022 é que a esperança volte. Ela é que nem sonho, não morre nunca. De forma bem pragmática, para levantar o astral, cabe lembrar que a gente caiu tanto que pior não fica. A hora é de preparar a terra e plantar esperança; a única alternativa que nos resta para ter o que colher num futuro próximo. Para dar certo as pessoas precisam acreditar que é possível. O desafio começa lá na base, onde está a pobreza. Qualificar a mão de obra, garantir direitos sociais, investir em políticas públicas que resgatem a dignidade das pessoas. Sem isso, nada vai mudar! 

Para o próximo governo, alavancar - a esperança - tem que ser prioridade. Ou se atende os que mais precisam ou vamos continuar nos enganando. Num segundo momento o foco é repor as condições que foram tiradas da classe média, ela é o motor de qualquer economia. Sem ar, sufocada pela inflação e a redução dos salários, precisa respirar. Quem tinha uma aposentadoria ou uma poupança construída pensando na sua velhice, está se sentindo ameaçado pelo empobrecimento.  

Depois dessa rápida passagem por nossa realidade econômica, social e política, a pergunta que fica é: de onde vem a esperança? A esperança vem do novo, da criatividade, da interação entre países, de um conhecimento e um fazer que nunca encontraram a porta do governo aberta. A única oportunidade dada foi a "porteira aberta" do Salles, que está sob investigação. Tanto no STF como pela Polícia Federal.

O novo que me refiro estava em debate na COP 26, sem despertar qualquer interesse no presidente Bolsonaro. A esperança está na sustentabilidade e na economia verde que pode credenciar o Brasil perante o mundo. Se comportar nas relações internacionais com protagonismo e altivez, evitando riscos desnecessários através barreiras comerciais aos nossos produtos. O Brasil precisa voltar a ser o que era, um país acolhedor que a todos encantava. A esperança é um processo, um estado de espírito, que passa por uma profunda mudança comportamental. Só há uma maneira dela chegar até nós: pela vontade soberana do povo nas urnas. Sem ameaças e bravatas. No Chile, por exemplo, foi o que aconteceu. Ao abrirem as urnas o recado estava dado: LIBERDADE!

(*) Estudos recentes mostram que o Brasil passa pelo maior êxodo de sua história. Segundo o Ministério de Relações Exteriores, o número de brasileiros que deixaram o país saltou de 2 milhões para 4 milhões em 2021. De acordo com o levantamento publicado este ano pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas, 47% dos brasileiros entre 15 e 29 anos gostaria de deixar o país. De 2011 a 2014, esse era o anseio de 20% dos jovens na mesma faixa etária. A imigração entre os jovens é um fenômeno global, quase sempre motivado por questões econômicas, novas oportunidades de trabalho e esperança de encontrar uma perspectiva de vida melhor. 

PS - A defasagem do Imposto de Renda de Pessoa Física, que deixou de ser corrigida durante o segundo mandato do então presidente Fernando Henrique Cardoso, fará a Receita Federal  cobrar R$ 149 bilhões acima do que seria devido caso a tabela do IRPF fosse corrigida pela inflação desde 1996. Ao tirar 149 bilhões de reais da população em 2022, o governo optou pelo pior. Ao cobrar imposto de 15 milhões de contribuintes de baixa renda, que ficariam isentos com a correção, só reforça o atraso fiscal.  A mesma caneta BIC que dá o calote nos precatórios e  faz uma mágica para acolher as emendas do relator,  se nega a revisar a tabela do IR que ajudaria a economia a se movimentar. A esperança é mudar a lógica fiscal, mostrar para o Leão que ele está mordendo o contribuinte errado: o que só tem pele e osso. 

                                   QUE VENHA  2022 E COM ELE A ESPERANÇA  (até lá)    

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