Ao longo da história muitas coisas acontecem num país. Alguns se desenvolvem melhorando a vida do povo. Outros crescem para poucos. Raríssimos são os que apostam no atraso. Um país atrasado não tem futuro. Comentar sobre isso em poucas linhas, que é o espaço que reservo para o blog, só buscando inspiração nos outros.
João Pereira Coutinho, escritor, doutor em ciência política, escreve na Folha toda terça-feira. Embora não concorde com muitas das suas ideias, continuo lendo seus artigos por dois motivos: foi professor do meu filho e venho lendo com frequência colocações distintas da minha para saber o que pensam.
"Não existe almoço grátis", de 23/11, deveria ser lido por todos aqueles que se negam a receber a vacina. O professor Coutinho assim começa sua aula de cidadania: "Pobre Europa, foram 18 meses de inferno pandêmico, com confinamentos, infecções e mortes. Agora, que já existe vacina muitos não querem tomá-la, serão outros 18 meses de igual calvário?"
Por coincidência, no país do Pazuello e do Queiroga a discussão agora é sobre o certificado de vacinação. É o assunto do momento e já está até no Supremo. No seu artigo o professor Coutinho também fala sobre isso, "Hoje, olhando para a experiência em Portugal ou na França, reconheço, contra a minha posição original, que o passaporte Covid. é o mal menor." Sem cinismo e sem invocar o nome de Charles Darwin em vão, não dá para aceitar que a liberdade de um possa pôr em risco a vida de terceiros, comenta o professor.
"É a ideologia, estúpido!", de 7/12. Duas semanas depois, aparentemente angustiado com o assunto, Coutinho volta ao tema. E joga pesado: "Para a direita, a luta contra as vacinas significa a recusa da modernidade". De tudo que li e ouvi, a recusa da modernidade foi a melhor definição da onda que tomou conta de uma pequena parcela da nossa sociedade: os que negam a ciência e acreditam que a terra é plana.
Uma nação atrasada é o pior dos mundos para os seus filhos. Ainda mais quando se trata de saúde pública, de uma pandemia que já levou mais 617 mil vidas e nos deixou uma economia estagnada. Se por um lado a economia não reage, foi graças ao esforço do Consórcio de Veículos de Imprensa, criado no ano passado, nos informando diuturnamente, que estamos vencendo a batalha da vacinação. Sem um plano alternativo, restrito aos seus fiéis seguidores do cercadinho, o presidente está pagando caro pela opção que fez. (*)
Certo está o professor Coutinho, ao assim concluir seu último artigo: "Quando a direita radical marcha contra as vacinas e contra as medidas de confinamento, ela não está preocupada com a liberdade individual, com o futuro da economia ou até com a melhor forma de combater uma pandemia. Essas são preocupações dos libertários e não dos reacionários". Xô atraso!
(*) Isolado, Bolsonaro perdeu a batalha para a vacinação e para a economia. Sem conseguir voltar atrás, insiste com a insensatez e convive com seus delírios. Já chega a 70% o índice dos brasileiros que desaprova o seu governo.
PS - Onde a direita radical governa há uma maior resistência à vacinação. Em Portugal 88% da população está vacinada, razão pela qual o número de mortes é baixo. No Brasil, se não fosse o Consórcio de Veículos de Imprensa a vacinação estaria bem mais atrasada e o número de mortos acima de qualquer outro país.
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