quinta-feira, janeiro 20, 2022

Como era de prever, Bolsonaro não sabe o que fazer (parte II)

No meu tempo de deputado federal poucas lembranças restaram de Bolsonaro. E das que ficaram, são as piores possíveis. Uma pessoa despreparada, truculenta e sem noção. Por um conjunto de fatores já comentados aqui no blog, a sua relação com o cargo de presidente do Brasil só confirmou a expectativa que tinha. Faltam poucos meses para a próxima eleição e nada vai mudar. Segundo Vinícius Torres Freire, a brutalidade, exibição de vergonhas e artes do espectro fascista fazem parte do seu projeto eleitoral. (*)

Quem acompanha o blog já deve ter percebido que não escrevo para petistas. O foco é outro, mostrar os desencontros desse governo e o atraso que ele representa. Atraso no sentido amplo da palavra, que nos dá o direito de afirmar que Bolsonaro está isolado e não sabe o que fazer. Como ele próprio admite, desconhece  a economia e suas consequências. Não consegue definir prioridades a ponto de ir para um parque de diversões, se entupir de camarão, e não ir à Bahia e nem a Minas para ver o estrago das fortes chuvas.

Sua rejeição aumenta a cada mês, estima-se que já perdeu mais de 35 milhões de votos. São votos que não voltam mais, como diria um economista americano "is the economy your full". A novidade que os economistas de lá trazem é de que o gasto público não é um problema, mas uma forma de mitigar os problemas sociais e ambientais. Claro que no Brasil do Bolsonaro, controlado pelo Centrão,  não existe essa possibilidade. O Orçamento da União, literalmente, virou um banquete de interesses.  (**)

Para os novos pensadores da economia moderna, essa discussão e suas conclusões fazem parte do artigo "Consenso entre economistas 2020", da Associação Americana de Economistas. O trabalho iniciado na década de 70, se tornou uma prática feita a cada década. Entre os entrevistados, 67% se declararam acadêmicos, 13% na área de negócios, 12% fazem parte de órgãos públicos e os demais atuam em outras áreas.

O nível de consenso em torno de cada tema é calculado por vários critérios técnicos estabelecidos pelos pesquisadores, que perceberam uma significativa mudança de rumo nos últimos 50 anos. Entre eles a questão da imigração nos EUA, como positiva, a mudança climática como risco econômico para o país e que lidar com os preconceitos em indivíduos e instituições pode melhorar o bem estar geral. Também há forte consenso de que o poder econômico corporativo se tornou muito concentrado e que se torna necessário o Estado se atentar para isso. 

Aqui, no atual governo, a academia não consegue respirar, inovação e conhecimento não são prioridades. A comunicação do presidente é para confundir a opinião pública, porque sabe que o conhecimento liberta.  Foi assim com a vacinação, com a proteção da Amazônia, com a crise hídrica, com a privatização da Eletrobras, com a cultura e em relação ao trabalho voluntário que organizações independentes, não governamentais, fazem pelo país afora. O futuro do Brasil nunca esteve tão longe de um governo como agora. XÕ ATRASO!

(*) Para Vinícius, o que sobrou para Bolsonaro tentar um segundo mandato são suas blasfêmias e ameaças. Sua última indagação:  "O que mais lhe resta além da fuga?" (Torres Freire além de jornalista é mestre em economia pública pela Universidade de Harvard nos EUA)

(**) Nos últimos três anos a peça orçamentária virou uma ficção. Sobrou muito pouco para o Executivo implementar suas políticas públicas, se é que tem. O Centrão ficou com a chave do cofre. As Emendas do Relator, o Fundo Partidário e o Fundo Eleitoral, engordaram substancialmente para evitar que prospere dentro do Congresso a ideia do  impeachment. E o país que se dane.     


 

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