sexta-feira, janeiro 14, 2022

Como era de prever, Bolsonaro não sabe o que fazer (parte I)

Paulo Guedes, o antigo Posto Ipiranga, já deve ter usado muito o chavão "Is the economy your full". Como se agarra ao cargo, nunca deve ter traduzido para o chefe: É a economia seu tolo. A expressão é  muito usada em ano de eleição, quando se quer justificar uma derrota que se avizinha. Quase sempre associada ao governo de plantão, que não soube dar respostas adequadas para a economia do país. 

No Brasil de Bolsonaro e Guedes está tudo em alta: o desemprego, as taxas de juro, a inadimplência, a inflação, o gás de cozinha, a energia elétrica, o diesel, a gasolina, o dólar  e o descontrole da gestão. Em baixa, está Bolsonaro. Seguido pelo salário mínimo, às aposentadorias e os precatórios a receber. Como se pode ver um quadro desanimador, que dificilmente irá  se reverter nos poucos meses que restam. (*)

Uma recente publicação da OCDE, do dia 2, com 30 países, mostra que as condições econômicas do Brasil são as piores possíveis. Quando se relaciona a alta dos juros com a inflação, só estamos pior que a  Argentina e a Turquia. Como não sou do meio, busco na opinião dos outros uma base para sustentar meus comentários. Foi através dessa necessidade, que li com atenção a matéria sobre gasto público e desigualdade, de Eduardo Cucolo. (**)

O artigo trata de como renomados economistas dos EUA, percebem a crise do capitalismo e buscam respostas para a situação americana. Segundo eles, nas últimas três décadas, de forma lenta e gradual, vem se alterando o conceito de austeridade fiscal. É um processo em curso que nem todos percebem. O Prêmio Nobel de Economia/2021, já comentado aqui no blog, foi um claro sinal nessa direção que surpreendeu o mundo. Uma verdadeira  ruptura  com o conservadorismo econômico vigente. Uma nova abordagem sobre políticas governamentais, necessárias para garantir bem-estar e crescimento, combater monopólios e amenizar o impacto de mudanças climáticas e problemas sociais, fazem parte das conclusões do estudo. Trato isso no meu próximo comentário. (***)

(*) O vento e o tempo não estão a favor de Bolsonaro. Se as intenções de voto ficarem abaixo de 20% ele abandona a reeleição e vai em busca de um mandato que o proteja. Já ouvi gente falando que o plano B seria concorrer ao Senado por Santa Catarina. Xô atraso.

(**) Sem ser economista preciso mais do que nunca, ler e ouvir os outros. Cresce o número dos que me acompanham nas redes sociais e junto vem o cuidado com o que escrevo. Na primeira semana do ano, por exemplo, fui informado pelo Linkedln que o meu perfil recebeu 730 visualizações.  

(***) O estudo que resultou no documento "Consenso entre os economistas/2020", ouviu 1436 membros da Associação Americana de Economia feito entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021.

PS - O Brasil tem suas peculiaridades. O nosso convívio com a inflação alta nos ensinou a buscar proteção para o dinheiro. Foi assim por muitos anos, com a Caderneta de Poupança fazendo esse papel. Durante o governo Collor/Zélia o confisco criminoso rompeu com a relação de confiança que havia. Em 2021, segundo dados recentes do Banco Central, a poupança perdeu R$ 35,5 bi. O primeiro resultado negativo em 5 anos. Não me parece um caso de desconfiança, como o ocorrido com Collor, mas da necessidade das pessoas em função do empobrecimento que vivenciámos.        

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