Com o índice de rejeição subindo, acompanhando a inflação, a gasolina, o desemprego e a taxa de juros, seria normal atribuir à economia a derrocada de Bolsonaro. Setores do chamado Centrão que se movimentam por emendas e são especialistas em abocanhar os cofres públicos - já dão sinais que estão pulando do barco. Até aí, nenhuma surpresa. Infelizmente, o mandato se confunde com infidelidade e com oportunismo.
Em Brasília, onde quase não vou, amigos que conhecem os bastidores da política afirmam que o clima é de debandada geral. O cercadinho continua, mas bastante esvaziado. Criar fatos e produzir vídeos já não causam o mesmo efeito. A última produção comendo frango com farofa na rua, pegou muito mal. Com o tempo contra si, Bolsonaro se sente ameaçado pela sua própria gestão. Quando o governo vira piada, a luz vermelha acende. Tá na hora de se pensar em um plano B, só que pensar é pra pensantes.
À confirmar a vitória de Lula no primeiro turno, o plano B é proteger Bolsonaro do pior. A ideia seria abrir mão da reeleição e passar a concorrer ao senado, o que lhe daria 8 anos de imunidade parlamentar. Um dos estados que está sendo pensado para dar guarida a Bolsonaro, é Santa Catarina. Embora já tenha perdido muito do seu eleitorado, ainda seria um candidato competitivo. Muito embora, pelo que fez por aqui pouco tem a seu favor.
Como tudo vai acontecer nos próximos meses, vale a pena prospectar os desafios de Bolsonaro daqui para frente. Na economia o quadro já está dado: a taxa de juros no Brasil é uma das mais altas do mundo e a inflação também. O desemprego e o empobrecimento é real. Sendo assim, dificilmente ele irá recuperar os votos que se foram. São eleitores em boa parte arrependidos de terem eleito o pior presidente que o Brasil já teve. Estima-se que a vida ficou pior para cerca de 80% da população. (*)
Portanto, de onde virão os votos de Bolsonaro? Tanto para presidente como para senador por Santa Catarina, o perfil do eleitor que sobrou é o mesmo nos dois cenários. Salvo melhor juízo: são pessoas que só pensam em si, que não querem se encontrar com o novo, conservadores por natureza, não valorizam a democracia, são indiferentes às questões ambientais, as mudanças climáticas, a ciência e a inovação. Desprezam o Estado e suas políticas públicas; mas quando podem, não se constrangem de se aproveitar e de se apropriar dele.
(*) O desmatamento sob Bolsonaro teve a média anual 56% maior do que em anos anteriores. Depois de 5 meses, o país volta a registrar mais de 1000 mortes por covid. Desde 1990 que a renda per capita do brasileiro não caia, caiu em 2021. A taxa de juros que já foi de 2%, está em 10,75%. Com isso o Brasil passou a liderar o ranking global de juros, descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses.
PS - Em Santa Catarina o que se ouve falar é que Luciano Hang está guardando a vaga no senado para Bolsonaro, caso se confirme a vitória de Lula no primeiro turno.
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