segunda-feira, janeiro 31, 2022

Meu encontro com a covid: depois de isolado, liberado

A gente nunca pensa no pior, sempre me cuidei e achava que não ia me encontrar com a covid. De repente uma coriza, um teste e o inesperado: estava infectado. A minha maior preocupação era não passar para os outros. Domingo, 24,  à tarde, fiz o teste na farmácia da Lagoa e a noite já estava isolado. No dia seguinte todos da casa foram testados e negativados. O lugar que me foi reservado é um velho conhecido - "o cafofo". Um espaço da casa onde leio, penso, seleciono e escrevo meus artigos. Para os jovens seria um "home office", para os antigos nada além de uma suíte independente do corpo da casa. O ideal para o isolamento social. Enquanto não estou na bancada, me distraio olhando os pássaros que circulam pelo jardim, ou fico contemplando os detalhes das gravuras do Tirelli de 1987, da série fortes e fortalezas da Ilha de Santa Catarina.

Já que a razão de estar ali, enclausurado, foi o ômicron, a nova ameaça que está infectando o mundo numa velocidade assustadora, resolvi registrar essa passagem pelo desconhecido. Como meu guru sempre foi o Atila Iamarino fui atrás do que ele anda falando do vírus e dos não vacinados (que não é o meu caso). Com sua larga vivência com a covid e a facilidade de se expressar, Atila aborda com muito cuidado a presença do negacionismo como um caso de saúde pública. No Brasil, onde tantos querem se imunizar, não vacinados são fruto da negligência, afirma no seu artigo.

O exemplo mais evidente que a vacinação protege contra complicações, Atila foi buscar em Botucatu, interior de São Paulo. Com mais de 90% dos moradores testados e mais de 67% com a dose de reforço, em 25 de janeiro a cidade tinha 12 internados em enfermaria e uma pessoa na UTI. Graças ao SUS e aos brasileiros, que sempre participaram de campanhas nacionais de vacinação, não vacinados são quase todos associados à obediência cega de um comando superior que insiste em boicotar a vacinação. Felizmente é uma pequena parcela da nossa sociedade - que já existia; só que agora ganhou visibilidade.  

Muito da gestão da pandemia tem sido ditada pela ocupação dos hospitais. E quem ocupa hospitais no momento por causa do ômicron são, principalmente, os não vacinados, nos lembra Atila. As pessoas já vacinadas começam a se incomodar quando percebem que a minoria que recusa a vacinação "atrapalha" a vida dos outros. Bolsonaro, um inconsequente, insiste em manter essa situação, apostando sempre no pior. Imaginem um familiar seu não poder ser atendido por qualquer outra condição de saúde - vir a óbito. O motivo do seu  falecimento, o não atendimento: o hospital estava lotado por quem escolheu não se vacinar. O que dizer para a família num caso como esse, nitidamente, de uma tragédia humana.... 

PS - Ao que consta o Brasil é o único país no mundo onde o primeiro mandatário, pessoalmente, boicota a campanha de vacinação contra Covid. Parte em razão disso, na semana passada a ocupação de UTIs para Covid já davam sinais de preocupação em 18 estados e no Distrito Federal. 


Nesse inverno a temperatura em Madison, WI, chegou a menos 28 graus. É lá que mora minha neta Catarina. Nasceu em Austin, no Texas, onde seus pais lecionavam. Agora foram para a Universidade de Wisconsin, conhecido por ser um dos estados mais gélidos dos EUA. Ela e a mãe chegam na quarta-feira.  Estou negativado, pronto para  abraçar e afofar minha  pequena esquimó (agora inuits). Na foto acima, a área residencial da Universidade de Wisconsin coberta pela neve. 

                        


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