sexta-feira, abril 22, 2022

O tempo não para e as eleições estão chegando

Quando se escreve com frequência, o mais difícil é definir o tema. Em parte porque no Brasil ninguém morre de tédio, sempre tem uma novidade. Depois vem a quantidade de informações que te chegam. Sem qualquer estrutura fica difícil fazer a peneira e escolher o assunto. Passada essa fase o resto é mais fácil. É tirar da cabeça e sair teclando.  

Na última terça-feira, 19, no privado, um amigo de longa data me mandou um texto para uso interno. Profundo conhecedor da política e dos bastidores de Brasília, sua análise é sempre precisa. Com um faro apurado e um ótimo relacionamento, por três décadas assessorou deputados e senadores. Sua identidade, obviamente, está preservada já que sua preocupação está focada na mesmice da oposição da qual fazemos parte.

Diante do pior governo da história do Brasil, a esquerda devia ser mais propositiva. Conta com uma parcela importante da sociedade que elegeu quatro presidentes seguidos e em 2018 deu a Haddad, 45% dos votos. Uma votação expressiva para um momento de extrema fragilidade que passávamos. Uma eleição atípica com forte presença de robôs, que inundaram as redes sociais com falsas notícias. Como resultado dessa contaminação em larga escala, um inexpressivo deputado federal virou presidente. 

Atento ao tempo que não para e os poucos meses que faltam da eleição, o comentário que recebi do amigo que prezo é um desabafo: "Estamos muito atrasados. Eles estão voando alto e nós errando e negando. Nem mobilizar gente na rua estamos conseguindo. Os algoritmos deles estão batendo no psicológico nosso e no do povo. Eles têm informações privilegiadas dos mecanismos das empresas das redes sociais que atuam no emocional das pessoas".

Em determinado momento do texto uma referência ao movimento sindical que não consegue reagir ao empobrecimento generalizado da classe trabalhadora. As greves que antes haviam, não existem mais.  Quanto muito um caso ou outro, disperso no tempo e na imensidão do país. O recente encontro  do Paulinho da Força  com Aécio Neves e o Eduardo Leite negociando sabe-se lá o quê, não indigna mais ninguém. Que tristeza nos dá constatar o quanto regredimos. Precisamos urgentemente ocupar as redes sociais com inteligência e percepção da realidade.

Aliás, a realidade nunca esteve tanto do nosso lado como agora. O Brasil em quatro anos saiu da sexta maior economia do mundo para o décimo terceiro lugar. O salário mínimo nunca valeu tão pouco e a inflação só cresce. O desemprego trava a economia e o trabalho informal virou regra. O que estamos esperando para produzir vídeos que falem do atraso que nos colocaram. Que mostrem as florestas em chama, o meio ambiente ameaçado e o garimpo ilegal se espraiando. A negação da vacina e as mortes pela covid, que fazem parte do legado do governo. E a educação, prioridade de qualquer nação, já está no seu quinto ministro. Que ironia, saem ministros entram pastores. 

Por fim, entendo perfeitamente as preocupações acima. Estar desvinculado da política partidária nos permite olhar o cenário com outros olhos. Muitas vezes uma composição necessária, vira um estresse. Perde-se o foco e se gasta energia. Gênio foi Cazuza, que em 1988 já nos alertava para o tempo que não para. (*)

(*) A escolha de Alckmin para vice de Lula, carrega esse estigma. Faz parte da política.  Em 2018, 10 milhões de votos separaram Haddad de Bolsonaro. Só em São Paulo foram 8 milhões.  Reverter essa diferença elege Lula. Não é uma pesquisa, são dados.

PS- Em pleno feriado o país foi surpreendido por uma "graça" presidencial. Um condenado pelo Supremo Tribunal Federal, antes mesmo da sentença transitar em julgado, foi absolvido pelo presidente. Só que a "graça" pode virar desgraça. O efeito dessa armação é um tiro no pé. A palavra final será sempre do STF. A história recente nos ensina, que: prender um inocente como soltar um culpado; sempre acaba mal.    

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