A descabida e sangrenta guerra Rússia x Ucrânia serviu para escancarar a poderosa oligarquia russa e seus tentáculos. Com o fim da União Soviética no início dos anos 90, uma centena de russos se apropriou dos imensos recursos naturais, das industrias e centros tecnológicos de ponta existentes naquela que era a segunda maior potência do planeta. Com o tempo, se tornaram amigos de Putin e controlam a economia russa.
Donos de clubes de futebol, palácios e iates luxuosos, transformaram o que era público num patrimônio de poucos, capaz de causar inveja a qualquer regime capitalista. Se apresentam como senhores do mundo, graças a uma inexplicável fortuna e seus obscuros negócios.
Às vésperas de uma guerra anunciada, uma intempestiva viagem do presidente Bolsonaro e sua comitiva à Rússia causou estranheza. O motivo oficial do governo brasileiro foi o de manter o fluxo de fertilizantes para o Brasil. Como fazia parte da comitiva um vereador do Rio de Janeiro, ainda mais sem sentido ficou a agenda. A dependência do potássio que vem da Rússia é antes tudo um grave problema estratégico do Brasil. A falta de visão de Estado ficou evidenciada. Prontamente os pesquisadores brasileiros reagiram, já que nossas reservas são suficientes para atender o mercado até 2100, portanto sem ter necessidade dessa dependência que se criou.
Sobre quais os motivos que nos levaram a essa situação, pouco se sabe. A Petrobras que sempre esteve presente na produção de fertilizantes, nos últimos quatro anos fechou todas as fábricas que tinha. Agora, não satisfeitos com o que fizeram com a Petrobras, querem também se desfazer da Eletrobras. O próprio TCU embasado em estudos técnicos, já identificou uma subavaliação dos seus ativos. Do outro lado do balcão estão os oligarcas, prontos para comprar ativos públicos estratégicos a preço de banana. Independente da nacionalidade, o objetivo e o "modus operante" é o mesmo. (*)
No pacote de bondades da privatização da Eletrobras, poucos se dão conta que junto vem a nossa dependência energética. A guerra em curso entre Ucrânia e Rússia mostra todo o dia o que por trás da destruição e das mortes, está o controle sobre a energia. No nosso caso as consequências são outras, igualmente nefastas como toda a guerra. Como venho alertando caminhamos para uma energia dolarizada, que empobrece o país e enriquece os oligarcas. Tanto na Rússia como aqui.
Quem não se lembra de que em 2019, no primeiro ano do governo Bolsonaro, uma tramoia envolvendo amigos do nosso governo e gente ligada ao presidente do Paraguai, quase vira o escândalo do ano no MERCOSUL Um negócio para lá de suspeito, envolvendo excedentes da Usina de Itaipu. Comercializada, obviamente, em dólar no mercado livre. Aqui no Brasil abafaram o caso, no Paraguai quase caiu o presidente. Em 2023 se encerra o Acordo de Itaipu e novas investidas sobre a energia gerada estarão em jogo.
(*) O Ministério Público junto ao TCU solicitou informações sobre o novo presidente da Petrobras, Adriano Pires. Sua relação com grandes petroleiras, é de prestação de serviço. Antes mesmo de assumir já declarou que o preço do diesel está defasado.
PS - Mais uma mudança na direção da Petrobrás, saiu um general se dizendo traído e entrou um conhecido desafeto da Petrobras. Em relação a política de preços da empresa, trocaram seis por meia dúzia: gás, gasolina e diesel continuarão atrelados ao dólar. O risco maior é o que pensa o novo presidente, Adriano Pires. Quem não gosta se desfaz.
URGENTE - o texto acima já estava pronto quando no início da tarde veio a notícia que Adriano Pires abriu mão da sua indicação para presidente da Petrobras. Até aí, nenhuma surpresa: gato escaldado tem medo de água fria. Resistir sempre!
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