No Sul passado e futuro se cruzam com a inovação

 

                         Molhes da Barra do Rio Grande - Praia do Cassino/ Mauro Passos

Não basta observar o mundo - é preciso inovar. Muitas vezes a inovação não vem no tempo  certo e a falta de conhecimento retarda a sua chegada. A única coisa que não se deve é desistir. Nessa minha rápida passagem pelo sul consegui entender melhor como as mudanças se dão: com perseverança e bons projetos. A única ligação ao mar para navios de grande porte que o Rio Grande do Sul tem, se deu no início do século passado. Na época os molhes da Barra de Rio Grande se tornaram famosos por ser uma das maiores obras de Engenharia Oceânica do mundo. O projeto e a execução coube aos franceses (1911 e 1919).

Com enormes pedras que vinham de uma pedreira a 100 km de distância, o molhe oeste, localizado na Praia do Cassino, tem 3,1 km de extensão. Já o molhe leste, em São José do Norte, avança 4,2 km mar adentro. Quem conhece se emociona com a grandiosidade da obra. Graças a uma decisão tomada um século atrás o estado do Rio Grande do Sul conseguiu se desenvolver e escoar sua produção. O Porto de Rio Grande está entre os  mais movimentados do país. Na foto acima, a produção escoando e as vagonetas levando os turistas até o mar aberto. No inverno você encontra no passeio leões e lobos marinhos. (*)

Em Porto Alegre nos dias 4,5 e 6 de maio aconteceu o maior evento em inovação já realizado no país. Segundo os organizadores, nos três dias passaram por lá 20 mil pessoas de cinquenta países. Um sucesso de público. Embora a apresentação de novas tecnologias tenha deixado muito a desejar. Em conversas reservadas deu para saber que a Prefeitura de Porto Alegre, patrocinadora do evento, tinha como prioridade incluir a cidade na agenda de grandes encontros. Assim sendo, o objetivo foi alcançado.

Para um evento com pouca inovação, as conversas de bastidor ganharam espaço. O anúncio da Marcopolo de lançar em breve seus primeiros ônibus elétricos em escala comercial e uma possibilidade crescente da energia solar chegar no campo, só vieram a reforçar o bom momento da energia solar no Rio Grande do Sul. Para surpresa de muitos. o estado atualmente ocupa o terceiro lugar no ranking da energia solar no país. Em geração distribuída são 1,2 GW, só perde para Minas Gerais e São Paulo. (Fonte: Aneel)

(*) Inovação: passado e futuro. Tenho uma forte relação com o Porto de Rio Grande. Em particular, com os Molhes da Barra. Durante o meu tempo estudante na Faculdade de Engenharia fui durante quatro anos estagiário. Quando os caminhos se cruzam, nada é por acaso. Por falar em inovação foi lá que participei ativamente de um projeto pioneiro da UFMG. Pela primeira vez no Brasil se desenvolveu um estudo com rádio isótopos para acompanhar o destino que as correntes marítimas davam ao material dragado.