Depois de aguentar quatro anos, sem qualquer perspectiva no horizonte, dia 30 de outubro foi um alívio. Cada um passou e administrou o seu aperto durante a turbulência que foi esse governo. Nossas convicções sendo testadas todo o dia, o constante risco de se envolver com o atraso, a clareza de que essa experiência traumática deixou o Brasil visivelmente adoecido; nunca nos abateu. A certeza que sempre tivemos da vitória nos deu a força que precisávamos.
O Instituto IDEAL, como não poderia ser diferente, foi um sobrevivente. Como não tem fins lucrativos, o que nos movimenta é a motivação pelos temas. Sempre muito focado num futuro sustentável, sua agenda era totalmente incompatível com os governantes de plantão. Sem ter grandes opções para oferecer o nosso trabalho fomos buscar na academia e na pesquisa, DNA do instituto, o ar que precisávamos para respirar. O compromisso com os jovens que sempre teve presente no instituto, também nos ajudou a superar as imensas dificuldades impostas pelo negacionismo. (*)
Por isso, celebramos a vitória e enaltecemos o resultado por toda dimensão e simbolismo que teve. Em 2023, o país é outro. Sem o sufoco de forças obscuras e maldosas, voltamos a respirar. Os novos projetos que estão guardados vão facilmente encontrar parcerias, pois estão em sintonia com os grandes temas globais. Sem dúvida alguma, todos serão acolhidos. Não esperamos retrocessos nas pautas da energia renovável, da mobilidade elétrica, do clima, do meio ambiente e da sustentabilidade.
Aos poucos os desatinos de uma parcela da sociedade, vai se ajustando a realidade das urnas. A bem da verdade nem todos vão ter essa compreensão. Grupos nazistas que se manifestaram publicamente em escolas, nas redes sociais e aqui mesmo em São Miguel do Oeste, não nasceram agora. Já estavam aí. Como atuam na ilegalidade terão que ser monitorados e combatidos com o rigor da lei.
Um país rico como o nosso, tem que gerar oportunidade para todos. Seja no campo ou na cidade. Na arte ou na indústria. Na ciência ou na cultura. Se entendermos que o Brasil é diverso, mas um só: o atraso que se viu não se repetirá entre nós. Nos fechamos para o mundo e, principalmente, para a América Latina. As consequências desse erro histórico nas nossas relações internacionais, foram desastrosas. O bom relacionamento com as universidades latinas que se tinha, parou no tempo. Sobre a integração energética regional a partir de fontes alternativas de energia que avançava, nem pensaram.(**)
(*) A primeira palestra do IDEAL, em 2007, foi na Escola Sarapiquá/Florianópolis. Um momento único. O registro fotográfico desse encontro, que mostra o interesse das crianças pela a energia solar, até então por eles desconhecida, está lá no IDEAL num lugar de destaque. Os jovens da foto já devem estar formados. A atenção de todos durante a apresentação, carrego na memória.
(**) Lula vai voltar a nos aproximar do mundo e dos nossos vizinhos. O atraso e o desgoverno que se instalou por aqui, tem que ser combatido diuturnamente. A notícia do dia, é que querem criar ainda esse ano o cargo de senador vitalício. Com isso, blindar ainda mais quem conseguiu ter 100 anos de sigilo. Uma vergonha!
PS- O concurso ECOLÓGICAS do Instituto IDEAL, de incentivo a pesquisa em energia renováveis no meio acadêmico, começou aqui em Santa Catarina. Depois virou nacional. Se estendeu para os países do Mercosul, até chegar na América Latina. Foi um projeto pioneiro de integração regional no meio acadêmico, que mobilizou universidades de vários países premiando o conhecimento sobre fontes alternativas de energia. Tudo criado e coordenado pelo Instituto IDEAL, com a participação de universidades, instituições públicas e empresas privadas. Por falta de apoio tivemos que parar na nona edição. Os trabalhos selecionados foram publicados e podem ser acessados no site do Instituto IDEAL.
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