Ursula Von der Leyen e Lula (Foto: Ricardo Stuckert)
No Brasil a grande expectativa no mês dezembro é com a chegada das Festas de Fim de Ano. A economia se movimenta, ruas e praças ficam mais bonitas, o comércio festeja, o dinheiro - mesmo quando curto - circula, as pessoas se animam e projetam na virada do Ano esperança de dias melhores. Sem querer entrar no mérito de como se forma essa magia, o fato é que ela existe e está entre nós.
Quando foi anunciado o Acordo Mercosul/União Europeia, no dia 6 de dezembro, a surpresa foi grande. Uma novela que se estendia por décadas e que não dava sinais de vida. O maior empenhado com a ideia era o presidente Lula. Nem seu dileto amigo, o presidente da França, Emmanuel Macron, segunda economia do bloco europeu, no encontro do G20 no Rio, em nenhum momento facilitou a conversa.
De repente, sem uma agenda confirmada, na véspera da Reunião do Mercosul, chega em Montevidéu, a presidenta do Bloco Europeu, Ursula Von der Leyen, para referendar um acordo comercial que envolve um mercado de 700 milhões de consumidores e um PIB conjunto de 22 trilhões de dólares. Sem falar nas inúmeras possibilidades que poderão nascer do livre comércio entre os países representados nesse Acordo. Como nada é por acaso, vale a pena prospectar o que aconteceu para o sonho se realizar.
A primeira impressão que fica, salvo melhor juízo, é de que foi uma reação da União Europeia as medidas protecionistas de Donald Trump. O presidente eleito nem assumiu o cargo e já vem ameaçando com retaliações e taxações descabidas. Não pensa nas consequências e põe em risco as próprias relações comerciais dos EUA com os outros países. Nem seus vizinhos e históricos parceiros comerciais, como México e Canadá, ficaram livres das ameaças de Trump. (*)
Para nós latinos, o melhor dos mundos. Se quebrou um sentimento de incapacidade e de falta de compreensão que nos impedia de avançar. Por quatro anos fui membro do Parlamento do Mercosul, uma experiência e tanto, cujos desencantos nunca me abalaram. Ao contrário, sempre acreditei no potencial da América Latina. Agora se abre uma porta de oportunidades, regradas, como devem ser. Não há espaço para ditaduras, a transparência, a ética e o bom convívio entre os membros do Acordo fazem parte do pacote. (**)
(*) Ursula Von der Leyen ainda terá muitos desafios pela frente, mas levou consigo o aval do Mercosul. Mérito do presidente Lula, que marcou um gol de placa. Ainda mais sabendo que os atuais presidentes da Argentina, Paraguai e Uruguai, não comungam das suas ideias.
(**) O meio ambiente, as mudanças climáticas e a descarbonização da região também fazem parte da lista de compromissos. Logo veio a lembrança os bons momentos na Universidade de Belgrano, na Argentina. Das amizades que ficaram, da Lorena, Verônica e Pedro, todos muito jovens. No intervalo da primeira aula, entre uma empanada e outra resolvemos trabalhar juntos. Pela idade, imagino, pediram uma sugestão de tema para o trabalho em grupo. Sem saber direito a formação de cada um, prontamente respondi: vocês são o futuro, só há um tema que me motivou estar aqui - uma América sem Carbono. Todos apoiaram. Dez anos depois virou pauta.
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