Hoje à noite viajo para a Bolívia. Amanhã, na Universidade Católica, a convite do Joint European-Latin American Universities – JELARE, que é uma rede de universidades com projetos de pesquisa na área das energias renováveis, vou falar sobre a experiência brasileira. No Instituto IDEAL temos priorizado essa relação com a academia. Acreditamos que a integração dos nossos países ocorrerá através de temas que contemplem igualmente a todos. Pesquisa e desenvolvimento interessam a todos. Energia renovável também.
Sair da agenda do confronto ou do conflito, seja na área comercial ou da geopolítica, é fundamental para avançarmos na integração dos nossos povos. Se olharmos para o noticiário da semana, só encontramos dificuldades na árdua tarefa de nos integramos. Argentina e Brasil impondo barreiras comerciais. Chile e Peru se acusando mutuamente. Colômbia e Venezuela trocando ameaças. Argentina e Uruguai em guerra por causa das papeleiras. E assim por diante...
E essas dificuldades se ampliam tanto quando há enfrentamento político ou crise econômica. Bastou o presidente Hugo Chávez recomendar aos venezuelanos, na semana passada, que se preparem para a guerra com a Colômbia, que a votação do protocolo de adesão da Venezuela ao MERCOSUL, foi adiada no Senado. A inconseqüente declaração, obviamente atrapalha um projeto de integração. E o que é pior são países vizinhos, dependentes um do outro, com forte relação comercial.
O recente Encontro Mundial sobre Segurança Alimentar, da FAO, em Roma, poderia se transformar num grande projeto de integração da América do Sul. Todos os líderes desse encontro saíram preocupados em alimentar um bilhão de pessoas que passam fome no mundo. Boa parte delas no nosso continente. Segundo a FAO precisa-se investir US$ 83 bilhões por ano em agricultura nos países em desenvolvimento. Para isso, são necessários investimentos públicos e privados em grande escala. A mesma matéria publicada recentemente na Reuters destaca que o Brasil, através da Embrapa é um bom exemplo. Sua “revolução verde” começou nos anos 70 com a criação da empresa. O resultado é mais diversificação e melhor produtividade das colheitas. Todos os anos, a Embrapa mensura o retorno à sociedade de suas pesquisas em agricultura. Os dados mais recentes mostram que para cada dólar investido em pesquisa agrícola, há um retorno de US$13,50.
Imaginem um grande projeto de produção de alimentos, com tecnologia própria, sendo aplicado em terras férteis do nosso continente, ganhando em escala, trazendo renda ao campo, agregando valor e conhecimento na atividade agrícola. Esse é um projeto concreto de integração, onde todos participam e todos se beneficiam. Criando milhões de “empregos verdes”, em total sintonia com um novo modelo de desenvolvimento para o mundo.
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