segunda-feira, abril 01, 2013

Saia justa

"O quiproquó africano, em que a presidente Dilma Rousseff disse o que queria e foi obrigada a engolir o que falou, revela o momento peculiar da politica brasileira. Vitaminada por excelente performance popular, a mandatária foi traída pelo desejo de não ceder aos desígnios do mercado.
Depois, contrariada, diante da realidade dos interesses de quem joga com dinheiro, precisou recuar. Trata-se de mais um episódio no longo braço de ferro que opõem desenvolvimentistas e mercadistas no centro das decisões nacionais."   

Foi dessa forma que André Singer introduziu seus comentários sobre como o mercado reagiu as declarações de Dilma na semana passada em Durban, na África do Sul (FSP - 30/3). André dispensa apresentações. Conhece como poucos os "três" lados da moeda: governo, mercado e mídia. Sem delongas, lembrou: "diante da decepção com a falta de coragem para investir, da pressão por diminuir o valor do trabalho e de algum soluço inflacionário, a ousadia desenvolvimentista arrefeceu". 

Sobre sua acertada e focada análise, me arrisco a discordar no que toca a decepção com os investimentos. Para mim não se trata de falta de coragem e nem de oportunidades. O buraco é mais embaixo. O governo tem feito o possível para que os investimentos privados respondam as demandas nacionais em áreas cruciais para o nosso desenvolvimento. No entanto, estão fazendo corpo mole. Querem mais. Foi essa força sem rosto, chamada mercado, que deixou Dilma numa saia justa em Durban.



    

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