quinta-feira, outubro 20, 2016

Dona Geni: um retrato do Brasil de hoje.

O "escândalo da semana" que mais repercutiu na grande mídia, com certeza foi a denúncia dos 75milhões de reais doados por um beneficiário do Bolsa-Família que tinha ido parar na conta de um candidato. O próprio presidente do TSE, Gilmar Mendes, não perdeu tempo: "Ou essa pessoa não deveria estar recebendo o Bolsa-Família ou ocorreu o fenômeno que chamamos de 'caça-CPF', que é a ideia de se manipular o CPF de alguém inocente".

Só que essa pessoa existe, se chama: Maria Geni do Nascimento, candidata a vereadora na cidade de Santa Cruz da Baixa Verde-PE. Quem esclarece é Bernardo Mello Franco:  "Segundo o banco de dados da Justiça Eleitoral, Geni teria recebido, e não doado, os R$ 75 milhões. Mesmo assim, seu caso parecia perfeito para confirmar duas teses em voga: o cadastro do Bolsa Família é uma bagunça e o veto às doações de empresas levaria o caos às eleições".(FSP 19/10)

Nesta terça (18), descobriu-se que Geni não era fraudadora nem laranja. Ela apenas errou ao preencher o sistema eletrônico e informar sua única ajuda de campanha: R$ 75, doados por um estudante que recebe auxílio-alimentação da universidade pública. “Ela digitou zeros demais”, explicou Raquel Salazar, da corregedoria do TRE de Pernambuco, ao “Jornal do Comercio”.

O que ocorreu com Dona Geni seria cômico se não fosse trágico. "Jogaram pedra na Geni", sem antes apurar os fatos. Mais uma vez está comprovado: a indústria do escândalo, alimentada por parte da mídia, não está a serviço do Brasil como pensam alguns desavisados. Quanto a dona Geni, pedir desculpas nem pensar. No Brasil de hoje, do descaso com a cidadania: que fique satisfeita com a ajuda que recebeu (R$ 75,00) e a lamentar os votos que não teve.

PS- em dois dias, dona Geni saiu do anonimato e virou celebridade. Livre da fraude que não cometeu, está de volta a sua vida simples no interior de Pernambuco. No mesmo dia, Eduardo Cunha, sai da vitrine e pega o voo para Curitiba. E o que tem que ver uma coisa com a outra? Nada: só mais um retrato do Brasil de hoje.





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