segunda-feira, dezembro 26, 2016

Nada a comemorar.


Embora o título possa não agradar, 2016 foi um ano que não vai deixar saudades. Basta um olhar mais atento para sentir o quanto regredimos: na política, no respeito as instituições e aos valores republicanos, em relação ao descaso com os recursos públicos, na preservação do meio ambiente, na educação, na saúde, no emprego, na ética, na tolerância, na qualidade de vida e em relação a todas as demais desatenções com a cidadania.

Com perplexidade assistimos o conflito entre instituições. Vivenciamos investigados serem constrangidos e tratados como se culpados fossem. Assistimos um Congresso cada dias mais enfraquecido, abrigando partidos e políticos que pouco representam. A parte mais lúcida da sociedade, que não se deixa enganar, reage como pode diante da falta de perspectiva. O desencanto é visível. A democracia em crise, agoniza. Lamento me despedir do ANO dessa forma.

Enfim, um imenso retrocesso marcou 2016. E não foi só aqui: a onda do atraso é global.

O surpreendente resultado eleitoral nos EUA, o afastamento do Reino Unido da União Europeia, a marcha migratória de refugiados em curso na Europa, a sangrenta guerra na Síria, a crescente ameaça à humanidade dos efeitos causados pelo aquecimento global, temas presentes no noticiário do ano - que em nada nos engrandece como civilização.

Nos vemos em 2017.

PS- Quis o destino que uma tragédia, o desastre com o avião da Chapecoense, despertasse em todos um forte sentimento de dor e solidariedade. O exemplo dado pelo Atlético Nacional de Medellín e sua torcida, encantaram o mundo. O futebol, que desperta paixões, divide torcidas, teve seu momento mágico: aproximou os diferentes, tocando no coração de todos nós. Vai ficar na memória. Foi o grande gesto de 2016.

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