Busca Vida, litoral norte da Bahia, foi mais uma vez meu retiro de final de ano. Lugar sossegado, com água de coco a vontade, muito sol e mar azul. Sem grandes compromissos com o blog, os comentários ficaram para 2017. No entanto do que li guardei algumas referências. Uma delas foi o artigo publicado no DC do desembargador do TJSC e professor da UFSC, Lédio Rosa de Andrade.
Sob o título "O Brasil desandou", seu texto resgata a promessa de um ministro da economia da ditadura militar, que afirmava: " Primeiro o bolo precisa crescer para depois dividir". O bolo até que cresceu, só que na hora de dividir.... Relembra ainda Lédio Rosa de Andrade que naquela época "com a imprensa calada pela censura ou devido a conveniência, a cor verde do poder permitiu o suborno generalizado". Até hoje não se sabe o quanto nos custou o silêncio, a omissão e a conivência.
Sem citar nominalmente Collor, o desembargador Lédio Rosa de Andrade não deixa passar que a mesma imprensa: "agora livre, manipulou a eleição presidencial e cometeu o maior estelionato eleitoral da nossa história, elegendo um playboy."
Seu artigo, uma enxuta e precisa retrospectiva de 60 anos de poder no Brasil, acaba em 2016 com todos os recentes e lamentáveis episódios que vivenciamos. Uma armação que derrubou uma presidenta da República, um presidente da Câmara dos Deputados, "comandante do impeachment, cassado e encarcerado, e o presidente do Senado equilibrando-se sobre a corda bamba, enquanto responde a processos."
Enquanto isso, as mazelas sociais se agravam. O povo empobrece e a Constituição - repetidas vezes desrespeitada. Como membro do Poder Judiciário e um estudioso das leis, o desembargador registra que "a presunção da inocência", um direito de todos é desprezado diante da busca por culpados.
Conclui nos levando a refletir, que: "outros postulados filosóficos talvez nos mostrem o indivíduo egoísta, como ele realmente é: ávido por prestígio e dinheiro em uma sociedade excludente, sustentada por um grande banquete do qual poucos participam e se lambuzam nas mais perversas corruptelas".
E a vida segue. Para muitos, sem se preocupar com seus deslizes éticos diários. Infelizmente vivemos numa sociedade hipócrita onde valores e princípios: se cobra dos outros.
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