Barbárie tem vários significados. Tanto pode ser algo violento e cruel, como também pode ser provocada pela falta da presença do Estado e de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento e o avanço social. No caso do que ocorreu em Manaus, as duas situações caminharam juntas: a violência com o descaso das autoridades. Portanto, uma barbárie anunciada!
Diante do ocorrido, que por si só já é grave, o "jogo de empurra" dos responsáveis nos envergonha. Depois de Carandiru, a barbárie em Manaus foi a maior chacina em presídio e expõe as péssimas condições do sistema prisional e o despreparo (ou descaso) do Estado para tratar com esse problema que se agrava a cada ano.
A situação é insustentável. E não de é de hoje. O "me engana que eu gosto", não pode ser a regra. A falta de prioridade, estratégia e de um planejamento adequado tem levado ao caos o nosso sistema prisional. Presídios com ocupação muito acima do aceitável, via de regra, provocam os grandes motins. Em Manaus a capacidade do Complexo Penitenciário é de 454 detentos, no entanto no domingo passado havia 1.224 detentos. Imaginem em que condições desumanas estavam esses presos.
Não sou advogado, juiz, procurador e nunca entrei num presídio. Mesmo assim, por intuição - até posso descrever o inferno que é estar lá dentro. Não só eu, parte da sociedade mais atenta também consegue perceber a herança maldita de anos de descaso com o sistema prisional no país.
Portanto, o que causa estranheza são as declarações das pessoas envolvidas com o tema. Eles, que são pagos pelo Estado para atender e implantar políticas de recuperação dos presos - pouco fazem. Os presos que se encontram cumprindo suas penas - estão sob a responsabilidade do Estado. O "jogo de empurra" que se assiste, só mostra o descompromisso das autoridades com o problema.
PS- Assim que soube da chacina de Manaus, o Papa Francisco manifestou seu pesar pela morte violenta dos 56 detentos. Ontem, dia 5, pela primeira vez o presidente Temer se manifestou publicamente sobre o ocorrido. Segundo Temer um "acidente pavoroso". A rebelião durou 17 horas. Portanto, acidente não é.
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