segunda-feira, janeiro 09, 2017

O poder é inebriante! (por João Vicente Goulart)

Busca Vida, litoral norte da Bahia, lugar certo para um bom descanso. Com tempo para caminhar em praias quase desertas, comer acarajé e tomar água de coco, as energias se renovaram rapidamente. Tanto assim que quase venci "Jango e eu", o livro que João Vicente relembra os tempos de infância junto ao seu pai quando exilado no Uruguai. No intervalo das caminhadas ainda deu para ler seu último artigo, recentemente publicado através do instituto que preside e que leva o nome do seu saudoso pai (*), Nele, João Vicente comenta sobre uma possível e grave insegurança jurídica que ameaça o ano que se inicia.

Com o título "O poder é inebriante", João Vicente começa o texto indagando a quantos deputados Rodrigo Maia deve ter "jurado de pé junto" que seu mandato de presidente da Câmara era tampão e que não iria concorrer em 2017 a presidência da Casa.

Poucos meses depois Rodrigo Maia é candidatíssimo. Se pode ou não ser reeleito, depois o Supremo que julgue. Quanto as consequências para a Nação brasileira dessa incerteza legal que  a iniciativa trás consigo, João Vicente alerta:

"Mesmo com impedimento constitucional, que proíbe a reeleição para o cargo, sempre há possibilidade de alegar (em direito tudo é alegável) que a Carta Maior não deixa claro, ou não menciona a possibilidade de ele disputar a nova eleição, pois trata-se de um mandato tampão. O certo é que, “Botafogo” como ele é tildado na relação da Odebrecht, hoje é um grande palaciano, junto ao seu sogro Moreira Franco, vulgo “Angorá” e responsável da privatização do governo Temer, também na mesma lista da construtora. É claro que juntos, estão ávidos para atropelar conjuntamente com o Palácio do Planalto, o impedimento legal, continuando com a confraria já instalada no poder".

PS- Só para lembrar: caso venha ganhar a eleição, Rodrigo Maia assume a presidência da República quando da ausência do titular. Caso a chapa Dilma-Temer venha a ser cassada no Supremo Tribunal Eleitoral, mais uma insegurança jurídica acompanhada de um terremoto político: quem nos governará? 

(*) Instituto João Goulart, idealizado por seu filho João Vicente - fica em Brasília. É uma iniciativa da família e de amigos de manter viva a memória de Jango. Jango, filho de uma família abonada do Rio Grande do Sul, foi vice-presidente duas vezes: de Juscelino e de Jânio. Com a renúncia de Jânio, Jango passou a ser o 24° presidente do país (1961 a 1964). Nunca tramou para chegar onde o destino o levou. Foi um dos presidentes mais populares que o Brasil teve. Cassado pelo golpe militar de 1964, morreu no exílio em 1976 com 58 anos de idade. 

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