quarta-feira, janeiro 18, 2017

"Quem não se comunica se trumbica". (Abelardo Barbosa, o Chacrinha)

Por mais que tente, não consigo lembrar de um momento tão constrangedor como esse que atravessamos. Nunca antes na história desse país (*), o Brasil conviveu com o silêncio envergonhado da era Temer. A impressão que fica é que, de uma hora para outra, "murchamos" perante o mundo. As notícias que ganham espaço na mídia internacional, só as relacionadas as chacinas nos presídios e ao crescente número de presos degolados. Algo até então impensável.

Em Davos, onde sempre nossa presença foi notada e respeitada, o sentimento em relação ao Brasil agora é de indiferença. A politica do silêncio está presente em todos os setores do governo, mas é nas relações com o mundo exterior que ela é mais sentida. Trump ganhou as eleições e até agora não se sabe o que pensa o governo brasileiro. Trump ameaçou a indústria automobilística da Alemanha e do México (**), que exporta carros para o mercado externo, assim como nós, e nada se ouviu a respeito.

A onda de protecionismo que o governo americano anuncia, com certeza compromete as relações comerciais de boa parte dos países. Trump tem insistido em rever o próprio Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta), criando uma forte insegurança junto ao México - um dos mais antigos e fiel parceiro comercial dos americanos(***). Se com o México está sendo assim, com a promessa de se construir um muro e a ameaça de cortes nos investimentos, o que esperar de Trump  (****) em relação aos outros países latinos. No nosso caso em particular, o silêncio da era Temer não é o melhor caminho: afinal "quem não se comunica se trumbica".

(*) "Nunca antes na história desse país" expressão muito usada por Lula, que levou Obama a declarar que ele era o "cara" em termos de comunicação. 

(**) No início de janeiro, a montadora americana Ford anunciou que não vai seguir com o plano bilionário de instalar uma nova fábrica no México – em vez disso decidiu expandir uma já instalada nos EUA.

(***) Depois da vitória de Trump, o peso mexicano perdeu 20% do seu valor em relação ao dólar.

(****) Trump assume na sexta-feira, com a popularidade em baixa e as incertezas em alta.

Nenhum comentário: