segunda-feira, janeiro 16, 2017

"Uma chacina por semana."

"Tinha é que matar mais. Tinha que fazer uma chacina por semana" essa declaração, que chocou o país, não foi de nenhum líder das facções que controlam os presídios brasileiros. Acreditem: foi do secretário Nacional da Juventude, Bruno Júlio, do PMDB(*). Não sei como alguém -com esse perfil-consegue ser secretário de qualquer coisa, quanto mais da juventude. É um deboche.

Aliás, se tem um assunto que está deixando a sociedade de cabelo em pé são os relatos que nos chegam do caos que é o sistema prisional brasileiro. Depois da chacina de Manaus e do silêncio de Temer em relação ao ocorrido, outra barbárie veio na sequência. E depois dessas, mais duas. Pelo menos, o entendimento presidencial de que tinha sido um "acidente"- não foi mais utilizado.

Enquanto a chacina da próxima semana, reivindicada pelo ex-secretário Nacional da Juventude, não chega os números divulgados sobre o sistema penitenciário são estarrecedores. Mais de  600 mil presos, déficit de 250 mil vagas, necessidade de investimento no setor de 10 bilhões de reais e custo aproximado por preso de R$ 3.000,00 por mês. Sem falar no tempo de implantação dos novos presídios, de cinco a oito anos. A conta do prometido vai longe: dezenas de bilhões de reais.

A indagação que ora faço, é: como essa situação fica, diante da PEC do Teto? Para a conta fechar, com os recursos públicos congelados por vinte anos, deveria se supor que crimes e criminosos também estariam congelados. Ou, em outras palavra, por 20 anos: crimes não seriam praticados e nem presos seriam condenados. Caso contrário, seguindo o ritmo atual, os investimentos anunciados não serão suficientes para atender as necessidades reais do sistema prisional brasileiro. E, nesse caso,  o desejo do então secretário Nacional da Juventude, "uma chacina por semana" vai acabar se confirmando.

(*) Bruno Júlio, que se intitula "coxinha", foi indicado por alguém. Pelo constrangimento que criou para o governo com sua lamentável declaração,  seu afastamento saiu barato. O nome do "padrinho" deveria também ser conhecido. 

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