quarta-feira, março 22, 2017

"Brasil em Transe" (parte II)

Confesso que quando escrevi sobre "Brasil em Transe", jamais pensei na continuidade. Se tratava apenas de uma sugestão de roteiro para um filme baseado numa história real, instigante e atual. Sobre o final desse filme, poucos arriscam a prever. No meu entendimento, diante das investigações que não acabam e da extensa lista de envolvidos - esse é um filme sem final.

No entanto, diante de mais um escândalo que recai sobre nosso exposto país - o "da carne fraca" - surge a necessidade de se propor um novo filme: "Brasil em Transe" (parte II). Afinal, não custa relembrar que "transe" é uma conjuntura aflitiva de alto risco e a operação da PF sobre alguns frigoríficos se enquadra perfeitamente nessa situação. Em poucos dias, as relações comerciais do Brasil com seus clientes no exterior se deterioraram profundamente.

Nessa semana o caso deve chegar na Organização Mundial do Comércio (OMC). A instituição vai querer saber a dimensão e as consequências do escândalo. A conjuntura é aflitiva para nós: foram anos de esforço para se conquistar um mercado exigente que agora corre-se  o risco de perder. Embora a OMC seja presidida por um brasileiro, em nada vai mudar o humor da instituição. O estrago já está feito e estamos muito mal na foto. Reverter o quadro de desconfiança internacional que se criou em função do ocorrido vai levar um bom tempo.

Desde quando o caso eclodiu, a população vem reagindo com indignação. Não dá para minimizar as denúncias com intuito de "livrar nossa cara lá fora". Embora se entenda a preocupação do governo com a nossa imagem e com a balança comercial, nada melhor que uma rigorosa apuração dos fatos. A busca pela verdade, não deve ser só dos técnicos do Itamaraty para o convencimento dos compradores lá de fora. A pressão pela verdade deve ser da sociedade como um todo: somos nós os maiores interessados na apuração dessa história.

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