Confesso que quando escrevi sobre "Brasil em Transe", jamais pensei na continuidade. Se tratava apenas de uma sugestão de roteiro para um filme baseado numa história real, instigante e atual. Sobre o final desse filme, poucos arriscam a prever. No meu entendimento, diante das investigações que não acabam e da extensa lista de envolvidos - esse é um filme sem final.
No entanto, diante de mais um escândalo que recai sobre nosso exposto país - o "da carne fraca" - surge a necessidade de se propor um novo filme: "Brasil em Transe" (parte II). Afinal, não custa relembrar que "transe" é uma conjuntura aflitiva de alto risco e a operação da PF sobre alguns frigoríficos se enquadra perfeitamente nessa situação. Em poucos dias, as relações comerciais do Brasil com seus clientes no exterior se deterioraram profundamente.
Nessa semana o caso deve chegar na Organização Mundial do Comércio (OMC). A instituição vai querer saber a dimensão e as consequências do escândalo. A conjuntura é aflitiva para nós: foram anos de esforço para se conquistar um mercado exigente que agora corre-se o risco de perder. Embora a OMC seja presidida por um brasileiro, em nada vai mudar o humor da instituição. O estrago já está feito e estamos muito mal na foto. Reverter o quadro de desconfiança internacional que se criou em função do ocorrido vai levar um bom tempo.
Desde quando o caso eclodiu, a população vem reagindo com indignação. Não dá para minimizar as denúncias com intuito de "livrar nossa cara lá fora". Embora se entenda a preocupação do governo com a nossa imagem e com a balança comercial, nada melhor que uma rigorosa apuração dos fatos. A busca pela verdade, não deve ser só dos técnicos do Itamaraty para o convencimento dos compradores lá de fora. A pressão pela verdade deve ser da sociedade como um todo: somos nós os maiores interessados na apuração dessa história.
Nenhum comentário:
Postar um comentário