sexta-feira, março 17, 2017

Mudanças climáticas: desafio local e global.

A busca por uma matriz energética mais limpa faz parte de um esforço coletivo. Nem sempre compreendido. Ontem, 16, por exemplo, foi o Dia Nacional de Conscientização sobre as Mudanças Climáticas.  A data passou batida: quase ninguém comentou o assunto. Pode-se até desculpar a desatenção em razão da Lava Jato, das delações de Janot e das 'reformas' de Temer. No entanto, prefiro encarar "a desatenção" como necessidade de um esforço maior de conscientização.

O recém firmado Acordo de Paris foi um grande passo. O Brasil, como todos sabem, ratificou o acordo. Só que esse gesto tem que se transformar em ações e políticas que mostrem o nosso envolvimento e compromisso com esse esforço global em defesa do clima. Não basta anunciar uma redução das emissões de gases de efeito estufa no setor de energia sem esclarecer que parte desse resultado se deve à redução do consumo motivado pela queda do PIB. Não é também momento para comemorações se o governo e o Congresso dão sinais de descompromisso com a preservação de florestas, áreas de preservação e parques nacionais.

O cenário ambiental brasileiro corre riscos diante dos interesses econômicos e de fortes pressões políticas, nos lembra Carlos Rittl(*). Para ele, a possibilidade de saída dos EUA da luta contra o aquecimento global, repetidas vezes anunciada por Trump, abre oportunidades a países que queiram relevância geopolítica na defesa do clima. Só não sei se é essa a vontade do Brasil.

(*) Carlos Rittl, doutor em biologia ambiental e recursos naturais pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, é secretário-executivo do Observatório do Clima.  

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