quinta-feira, abril 27, 2017

Mobilidade urbana: enquanto Seul avança, São Paulo se arrasta.

Já falamos bastante de Seul, que avança e se moderniza mesmo diante de uma ameaça constante de ataques de alta destruição da  atormentada Coreia do Norte. Quanto a São Paulo, nossa maior metrópole, seu destino é continuar se arrastando no tempo em razão dos ataques das grandes empreiteiras e de suas obras superfaturados.

Não se trata de um exagero ou de um oportunismo leviano surfando nas ondas da Lava Jato. Quando insisto em comentar sobre "o verdadeiro DNA da Odebrecht", em parte se deve a extensão que o tsunami da corrupção atingiu as administrações e os investimentos públicos.

Segundo Nabil Bonduki, consultor em politicas públicas urbanas, "a fragilidade das áreas de planejamento e projeto das prefeituras, debilitadas por incompetência, desonestidade ou pela doutrina neoliberal do Estado mínimo, facilita a ação das empreiteiras, que vem ditando, há décadas, as obras a serem feitas, submetendo o poder público às opções técnicas que propõem."

Suas precisas observações mostram a inversão dos papéis e de como as empreiteiras se infiltram e impõem seus interesses na gestão de nossas cidades. O exemplo de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, já comentado aqui no blog, retrata bem essa situação e da ação sem limites da Odebrecht.

Nabil, um profundo conhecedor de São Paulo, destaca que as grandes obras da década de oitenta para enfrentar o caótico trânsito na cidade, não passavam de um pacote combinado com as empreiteiras. Vários túneis de elevado custo, desarticulados de um planejamento urbano de longo prazo, relembra Nabil.

Enfim, continuamos vivendo e sofrendo em cidades administradas por pessoas despreparadas, presas fáceis para as grandes empreiteiras de plantão.

PS - Nabil Bonduki,  escreve na FSP nas terças. É arquiteto e urbanista,  professor universitário, pesquisador e consultor em políticas públicas urbanas.



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