terça-feira, abril 25, 2017

Mobilidade urbana: o que nos ensina a Coreia. (parte II)

Já vimos que os desafios de Seul e São Paulo são muito parecidos: organizar, no sentido mais amplo possível, a vida de duas grandes cidades. Uma tarefa para poucos que exige: planejamento, espírito público e inteligência.

O tema que nos cabe comentar é o da mobilidade urbana. Enquanto o metrô de São Paulo se arrasta no tempo, o de Seul se expandiu quatro vezes mais. Segundo especialistas, os motivos são: trâmites burocráticos simplificados, investimentos pesados, parceria privada já consolidada e soluções criativas.(*)

Segundo o coreano Joomho Ko, doutor em transportes, sempre lhe perguntam sobre o entrave e os altos custos com as desapropriações - já que a capital da Coreia é tão adensada quanto São Paulo. Sua resposta, "esse não é e nem deveria ser um problema". Não faz sentido pensar em grandes custos com as desapropriações se as obras são essencialmente subterrâneas, comenta Joomho.

Mais adiante na sua entrevista, é indagado sobre as desapropriações das áreas onde serão instaladas as estações. Novamente Joombo nos ensina o caminho das pedras.  "Não precisa desapropriar e nem construir grandes prédios. Basta aproveitar o que já existe", diz Ko. Entram nesses casos as chamadas "soluções criativas": qual o grande prédio comercial que não gostaria de ser entrada e saída de passageiros do metrô, pergunta Ko.

A reportagem da Folha, de Alencar Izidoro, também ouviu os responsáveis pelo metrô de São Paulo, o governo estadual, controlado pelo PSDB há mais de duas décadas. Segundo Alckmin são realidades diferentes, inclusive econômicas (**). E sobre os frequentes atrasos nas obras da linha 4 e na implantação da linha 17, o governador atribui ao abandono das obras por parte dos consórcios contratados (***).

(*) Muitas vezes se deixa de pensar em "soluções criativas", via de regra bem mais em conta, para atender os interesses escusos das grandes empreiteiras.

(**) Enquanto a renda per capita no Brasil está próxima aos 10.000 dólares, a da Coreia do Sul está próxima aos 30.000 dólares. (Fonte: Banco Mundial)

(***) Abandono das obras por parte das empresas contratadas é um problema de gestão. De má gestão, governador Alckmin.


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