Definitivamente, nada será como antes no mundo da musicalidade. Não que eu entenda muita coisa, mas as composições da minha época mexem até hoje com a gente. Com a recente morte de Belchior, um poeta, nos reencontramos com preciosidades perdidas no tempo. Quem de nós não se emocionou ao ouvir de novo "um rapaz Latino-Americano" ou "foi por medo de avião, que pela primeira vez peguei na sua mão".
Na semana passada fui convidado para assistir o show do Toquinho (foto acima). Novamente um momento de reencontro com letras de um passado distante, que o tempo não apaga. Entre uma canção e outra, pausa para Toquinho relembrar os sentimentos dos músicos exilados durante o golpe de 64. Longe dos amigos, da família e com saudades da terra, as noites serviam para dedilhar o violão e compor maravilhas.
Sempre que posso trago para meus despretensiosos comentários a preocupação com o momento atual. Toquinho acabou trazendo de volta o passado, onde as pessoas tinham outros valores. As letras da época provam isso: "quem sabe faz a hora não espera acontecer e esperar não é saber". Sem dúvida era outra sociedade, mais fraterna e solidária. O Brasil de hoje está acuado, com as pessoas sem rumo, desanimadas e divididas. Sem perceber estamos regredindo em iniciativas motivadores da cidadania. Sem isso, tudo fica mais difícil.
O preconceito vem crescendo e como uma praga ganha contornos de perversão. O Rio, a cidade símbolo do Brasil no exterior virou uma calamidade. As reservas indígenas estão ameaçadas e áreas de conservação sendo reduzidas. O Congresso virou um grande balcão de negócios e o Poder Judiciário continua expondo publicamente suas fissuras. E para finalizar, um Executivo sem legitimidade cercado de envolvidos com a corrupção. Cada dia uma agonia. Lamento muito, mas regredimos.
PS- como o comentário acima já estava pronto, as denúncias contra Temer ficam para o próximo. Depois de três anos buscando provas contra Lula, três minutos acabaram com Temer.
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