Ontem comentei que um país não vai "para o brejo" de um dia para outro. É um processo lento e gradual, que envolve malfeitos de governantes e a cumplicidade de parte da sociedade. Salvo melhor juízo, o Brasil é o retrato fiel dessa tragédia. O texto intitulado "Suicídio" de Bernardo Carvalho, nos alerta para o atoleiro que nos empurraram. Para reflexão de vocês, um pouco da introdução e parte do final do artigo.
- "Não é preciso ter estudado direito para saber que não se condena uma pessoa por convicção. Mas tampouco era preciso esperar pelos áudios de Michel Temer e Aécio para entender onde estamos. De todas as surpresas das últimas semanas, a que mais me surpreendeu foi o espanto de quem desde o impeachment capitaneado por Eduardo Cunha, com o Congresso a reboque, ainda confiava na lisura do governo formado no dia seguinte para "estancar a sangria".(*)
-"Logo após a revelação dos áudios de Temer e Aécio, um sujeito no vestiário da academia de ginástica me perguntou o que eu estava achando daquilo tudo. Ele estava injuriado e saiu com essa: Logo agora, quando tudo parecia estar voltando ao normal, essa brigalhada toda."(**)
-"Pelo menos agora está tudo escancarado e você pode decidir no que quer acreditar, porque é um direito seu, mas já não pode impor o seu autoengano aos outros, eu disse. E completei: Quem faz o país é a gente."(***)
(*) Sempre é bom lembrar o papel de Temer, Aécio e Eduardo Cunha no impeachment de Dilma. Afinal fazem parte de uma armação que nos envergonha. É ingenuidade acreditar na lisura de um governo assim criado.
(**) Como ingenuidade também é achar que tudo está voltando ao normal. "Normal" para quem.
(***) O único poder soberano é o do povo. Cabe a nós tirar o Brasil do atoleiro. Para isso a sociedade precisa fazer sua parte: exigindo o devido respeito dos poderes constituídos, que lhe assegure a cidadania plena. Inclusive escolher quem deve nos governar.
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