quarta-feira, julho 19, 2017

Enquanto a politica desce a violência sobe.

O Brasil sem rumo funciona como se fosse uma gangorra, enquanto a política desce a violência sobe. Os números confirmam essa relação da má politica com o incremento da violência. No ano  passado 60 mil pessoas morreram de forma violenta. O Rio de Janeiro, amado por todos, é o retrato  fiel dessa "gangorra tupiniquim". Saqueado por políticos corruptos e tomado por organizações criminosas, o carioca reza para não ser encontrado por uma bala perdida.

Atrás de jornais antigos para subsidiar o comentário que ora faço, o melhor que  encontrei foi o texto "Eleições e Violência", de Renato Sérgio de Lima(FSP 09/10/2016). Uma página amarelada pelo tempo, mas com uma abordagem iluminada pelo conhecimento do autor. Renato trata na matéria a presença crescente do crime organizado no processo eleitoral (eleições municipais do ano passado), numa visível tentativa de ocupar espaço deixado pelo Estado.

A maioria das pessoas nem percebe o que está em jogo. Apoiam, quase que automaticamente, "o fim da bagunça", sem saber direito o que isso significa. Quase sempre o resultado  desse sentimento difuso gera mais violência. O Estado ausente contribui para isso, "o medo e a vontade de vingança assumem o protagonismo",  comenta Renato.

Portanto, como venho insistindo, também regredimos no combate a violência. As autoridades fingem que controlam a situação e em nome da manutenção  da ordem, a sociedade prefere acreditar. Só que a realidade das ruas é outra: o crime organizado exibe força, amplia a violência e as pessoas estão se sentindo cada dia mais desamparadas.

Segundo Renato, "no limite, esse movimento vai minando a crença dos brasileiros na democracia e retroalimenta nossas tradições autoritárias."  A pesquisa do Instituto Latinobarômetro, confirma esse quadro de descrença. Em 2016, apenas 32% da população brasileira concordava que a democracia é a melhor forma de governo. Em 2015, 54% dos brasileiros confiavam nesse regime de governo. Achar que essa brutal queda de confiança, não tem a ver com o que estamos vivenciando - é fechar os olhos para a realidade.(*)

Os poderes constituídos quando desdenham os valores éticos que dão sentido à vida, na verdade estão fazendo mal ao país. A sociedade se afasta da democracia, quando deputados trocam o voto por cargos. Quando o Poder Judiciário, prende pessoas sem provas - e dependendo de quem - manda para casa corruptos confessos. E esse quadro de desgraça que nos envergonha, se agrava ainda mais no Poder Executivo: tomado por malfeitos, controlado por suspeitos. O que ouço e observo nas ruas, não é nada animador. Até quando essa situação se sustenta? Não sei, só o tempo pode nos dizer.

(*) Segundo o Instituto, em termos comparativos, a democracia é defendida como a melhor forma de governo por 71% dos argentinos e por 54% dos chilenos. A descrença dos brasileiros com a democracia,  só fica atrás da Guatemala. Infelizmente!

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