A capa da Folha da última segunda-feira é assustadora: uma criança somali, de dois anos, dormindo coberta por moscas no campo de refugiados de Dadaab, no Quênia (*). A foto é chocante e fala por si: é o mundo cão. Não me senti a vontade para reproduzi-la.
A manchete da matéria de Patrícia Campos e Lalo de Almeida, "Na fronteira dos desprovidos, quem foge da fome se depara com o terror" (FSP), nos leva automaticamente à leitura. A leitura, também automaticamente, nos faz indagar: "para onde caminha a humanidade."
O relato dos enviados especiais da Folha nos faz repensar a vida e todos os seus temores. De repente, nada passa a ser prioridade a não ser a dignidade das pessoas (**). Claro que a distância que nos separa do Quênia não permite um engajamento voluntário pela causa. Além do que, pela dimensão do problema, cabe às Nações Unidas o desafio de dar atenção e esperança aos refugiados que chegam a Dadaab.
No entanto quando nos deparamos com a desumana situação de centenas de milhares de refugiados, com certeza cabe registrar no blog essa cruel realidade. Afinal, pouco se sabia sobre o maior campo de refugiados em atividade no mundo. Quem chega com vida em Dadaab enfrentou a seca, a fome e as ameaças de grupos terroristas. Sem falar que também precisou vencer a cerca que separa dois dos países mais pobres do mundo: a Somália e o Quênia. (***)
(*) Dadaab, no Quênia, próximo da fronteira com a Somália, é um campo de refugiados onde vivem 250 mil pessoas, na sua maioria somalis.
(**) Nada se assemelha a Somália e o Quênia, diante da miséria presente nesses países. Agora, quando se trata das desigualdades sociais e da dignidade das pessoas: o problema é global.
(***) A cerca que procura separar a miséria da pobreza tem 700 km. Aproximadamente, a distância de Florianópolis até São Paulo. Não faço a menor ideia do custo dessa insanidade e muito menos quem pagou. Muros e cercas representam o atraso, nunca solução.
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