sábado, agosto 26, 2017

O Brasil à venda (parte II)

Este lugar existe. Fica num país tropical, bonito por natureza. Só que está a venda. É a Reserva Nacional de Cobre e seus Associados (Renca), criada em 1984(*). Uma área de 46.450 km², equivalente ao tamanho do Espírito Santo, na divisa entre o Pará e o Amapá. Na semana passada, o Brasil, que já vem sendo condenado pelas imensas áreas de florestas que estão  sendo desmatadas, foi surpreendido com mais esse descaso às nossas áreas de preservação. (Foto: crédito Catraca Livre)

Na quarta-feira (23), Michel Temer, o presidente com 4% de aceitação popular e com 14 pedidos de impeachment, sem ouvir o Congresso, sem uma Audiência Pública, sem um parecer dos órgãos públicos e organizações da sociedade civil que militam na área ambiental - numa canetada, por decreto, extinguiu a área de reserva ambiental conhecida como Renca. 

O ataque à Amazônia, como vem sendo chamado o mais insano dos decretos, despertou a ira de ambientalistas daqui e de fora. O WWF e o Greenpeace, duas das principais organizações pela defesa da natureza e do clima, de pronto se manifestaram oficialmente alertando que o decreto "abre espaço a uma ocupação desordenada e predatória em áreas de preservação no coração da Amazônia". Celebridades como Gisele Bundchen, dispararam nas redes sociais sua indignação em relação a iniciativa do governo Temer. 

A esperança que temos está na reação dos indignados. Os apoios crescem e as manifestações também. O próprio Congresso, absorvido nas discussões sobre a reforma politica e o "fundão", reagiu. O senador João Capiberibe, do Amapá, descreveu a medida do governo como "uma insensatez e a maior agressão que a Amazônia já sofreu". O também senador Randolfe Rodrigues, já anunciou que irá recorrer ao Supremo para tentar sustar os efeitos do decreto. No final de semana, um conjunto de ONG's divulgou uma nota à imprensa internacional.(**)

(*) Sempre que posso tenha chamado a atenção pelo fato de estarmos regredindo. Mais uma comprovação. Dessa vez na área da preservação ambiental. O que criamos três décadas atrás, hoje destruímos. Sem publicidade, transparência e respeito ao país. 

(**) O Instituto IDEAL está totalmente comprometido com essa luta. Diante do espaço e dos recursos limitados que temos, o Instituto irá se juntar ao movimento através do WWF - parceiro no tema das energias renováveis.

PS- Um prefeito pode vender uma praça, por decreto. Sem que tenha a aprovação dos vereadores? Não! Ainda bem, senão muitas das nossas praças já tinham sido vendidas. Um presidente pode se desfazer de uma área de preservação da União, por decreto. Sem a aprovação do Congresso? Também, não! O Brasil espera que  esse seja também o entendimento do Supremo. 

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