sexta-feira, agosto 25, 2017

O Brasil à venda

O governo Temer escancarou: até a Casa da Moeda está a venda. No Equador, o país não tem "Casa, nem moeda". A moeda é o dólar americano e vem dos EUA. Talvez num futuro distante, a moeda seja global e virtual. E os que estiverem por aqui, nesse mundo cada vez mais globalizado, vão conviver com isso numa boa. Portanto, o que nos incomoda como sociedade é outra coisa. O motivo central do incômodo está em um governo sem rumo, sem credibilidade (vide as pesquisas) e sem legitimidade (14 pedidos de impeachment aguardando uma manifestação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia), que ameaça botar o Brasil à venda. 

A motivação não é outra, senão fechar as contas. O que aliás, de antemão, já se sabe que não fecharão. Temer e seus seguidores, melhor do que nós, sabem disso. Sobre a anunciada venda da Eletrobrás, sem debate e sem estudos, a razão apresentada foi dar sinais positivos para o mercado. Para aliviar a dor dos consumidores, uma inverdade: a tarifa vai baixar. 

Das inúmeras leituras que faço diariamente, uma bem recente recupera como a mídia entre 2014 e 2015, no afã de abalar o governo Dilma, sempre pautava a possibilidade de um novo apagão. Temer, que nessa época já estava bem envolvido com Aécio e Cunha para afastá-la, deve se lembrar do que estou comentando. Felizmente, nada aconteceu. Atravessamos esse período de turbulência política com a luz acessa. O apagão não veio e a escuridão só serviu para aqueles que gostam de encontros noturnos.

No momento, por razões da natureza e não da Eletrobrás (pouca chuva), o risco é maior. Só que ninguém fala. Se em 2015, os reservatórios das hidroelétricas armazenavam 40% da nossa capacidade de reserva máxima, atualmente estão próximos de 36%. E o risco só não é maior porque o consumo de energia caiu com a crise.

No entanto, o sistema integrado da Eletrobras, planejado e implantado há décadas, tem todas as condições de atravessar um regime hídrico desfavorável, sem que necessariamente ocorra um apagão. O que pode acontecer com o agravamento do nível de armazenamento dos reservatórios é a necessidade de uma maior geração térmica, com impacto direto na tarifa.

Por falar no aumento da tarifa, que o governo insiste em dizer que vai baixar, a declaração do presidente de Eletrobras, Wilson Ferreira Jr., contradiz o próprio governo: "hoje as usinas da Eletrobras vendem a energia a R$ 35/MWh e deveriam comercializar a R$ 135/MWh". (fonte: FSP 23/8). A diferença vai cair no bolso do consumidor, ou alguém tem dúvida? Outras perguntas que virão: quem vai investir na expansão do sistema (novas usinas) se as mais rentáveis já foram vendidas?; quem vai se responsabilizar pelo subsídio da tarifa dos consumidores de baixa de renda?; e pelos programas sociais, como o Luz para Todos?; pelos incentivos à pesquisa das fontes alternativas e da eficiência energética?; serão recursos do orçamento? Se os recursos forem do orçamento da União, nos avisem. O Orçamento, como todos sabem, não fecha. E não é botando o Brasil à venda que vai fechar.

PS- Como se pode ver, as perguntas afloram numa privatização totalmente às escuras. Que ironia do  destino. Logo a Eletrobras, que desde 1962, nos fornece luz.

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