quinta-feira, agosto 24, 2017

Venda da Eletrobras: país sério não abre mão de sua energia

A China, salvo melhor juízo, está de olho na privatização da Eletrobras. Nada contra os chineses, até porque no momento são eles que mais investem em energia solar e eólica. O que me preocupa é um governo que só se mantém pelas negociatas e benesses que faz com cargos e verbas no Congresso, se livrando de um importante ativo que o Brasil construiu durante décadas sem o devido debate. Até porque, nenhum país sério abre mão de sua autonomia energética.

O governo da China sabe como ninguém a importância de controlar o setor de energia. Só assim pode promover incentivos às inovações necessárias. Em razão do controle que o governo detêm sobre a expansão do seu sistema elétrico,  uma verdadeira revolução energética está em curso no país. Atualmente, são os chineses que mais investem em energia limpa e renovável.

Só esse ano, de janeiro a julho, a China instalou 35 GW de energia solar fotovoltaica. Uma potência instalada superior a duas usinas de Itaipu. Com isso, a China chega a impressionante marca de 112 GW, superando as próprias projeções do governo. A meta prevista para 2020 era de 105 GW. (*)

Segundo a China's National Energy Administration (NEA), numa comparação com outras fontes de energia, de janeiro a julho desse ano, graças a determinação do governo de limpar sua matriz energética, foram instalados em GW: nuclear 1; hidro 6,6; eólica 7,3; solar PV 35.(Fonte: Photon) 

Os números falam por si e confirmam a importância do Estado ter o controle sobre a política energética do país. Desde 2010, o esforço e o compromisso do governo chinês é de limpar sua matriz. E os resultados começam a aparecer. Enquanto o mix de energia renovável cresceu 8%, a participação do carvão: caiu 11%. (**)

(*) Instalar 35 GW de energia solar fotovoltaica em seis meses é algo impensável para o Brasil. A Celesc com o seu programa Bônus Fotovoltaico, o maior em curso no Brasil, vai instalar no mesmo período 0,001 GW.

(**) O carvão sempre foi a principal fonte de energia elétrica chinesa. Representa cerca de 60% de toda a energia que a China consume. É a fonte que mais polui. Em razão disso, as mudanças em curso.  Decisões dessa importância, senhor Temer, só são possíveis de serem tomadas quando o Estado detêm o planejamento do setor e a política de expansão de sua matriz energética.

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