quinta-feira, setembro 07, 2017
Para não dizer que não falei de sonhos
Ao deparar com essa tela acompanhada da oportuna e bela mensagem na entrada do restaurante vizinho ao Instituto IDEAL, logo pensei: não foi coincidência. Depois de ter publicado no blog "O estupro", de Drauzio Varella, a imagem da mulher, ao mesmo tempo triste e sonhadora, me motivou a retomar o tema do estupro e da necessidade "dos sonhos serem maiores que os medos". Sem programar, quis o destino que o comentário caísse no dia 7 de setembro - dia da Independência do Brasil -, pura coincidência.
Como não escrevo para "as coincidências", mas falo para as mulheres que precisam superar seus medos e assumir seus sonhos, a data que simboliza nossa independência em relação aos portugueses nos faz pensar: somos verdadeiramente livres para sonhar? E as mulheres? Discriminadas na rua, em casa, na família, no mercado de trabalho, em todos os lugares? Ameaçadas, violentadas diariamente, conseguirão deixar seus sonhos serem maiores que seus medos? Sem que a seu favor estejam fatores culturais e, muito menos, atenção, legislação e justiça. Nossa sociedade quer a liberdade plena, o fim do preconceito e da discriminação, a criação de direitos e oportunidades iguais para homens e mulheres?
As mulheres, sonhadoras por natureza, parecem não sonhar mais em razão da violência a qual estão expostas. Boa parte delas sofrem caladas e reverter essa triste realidade leva tempo. Uma tarefa de todos, não só das mulheres. Para a procuradora aposentada, que foi secretária nacional de Direitos da Cidadania, Luiza Eluf, a lei existe: "o que precisa é uma intervenção cultural. O machismo é uma cultura patriarcal, que implanta no cérebro dos desavisados a ideia de que mulheres são escravas e objetos sexuais."
A tela e mensagem que motivaram esse comentário nos fazem refletir sobre a necessidade de uma profunda mudança comportamental. Estamos diante de uma cultura machista por excelência. Mesmo diante de tudo que tem vindo à tona, das violências cotidianas contra as mulheres, difundidas graças à união dessas mulheres em todo o mundo, resisto a acreditar que a cultura do estrupo está entre nós. A massiva indignação que esse tipo de violência às mulheres causa nas pessoas, impede que se estabeleça a cultura do estupro no Brasil como regra. Ainda bem. Só assim os sonhos das mulheres poderão ser maiores do que seus medos.
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