segunda-feira, outubro 23, 2017

Ser pai - um desafio nos dias de hoje

A semana que passou teve de tudo: um retrocesso com repercussão internacional, a volta do trabalho escravo; grandes e obscuras  amizades se tornam públicas, Gilmar e Aécio não cansam de telefonar um para o outro; amigos para sempre, Temer e Aécio conseguem se safar graças aos seus fiéis congressistas; a ascensão de Geddel, para a Procuradora Geral da República ele é o "chefe da quadrilha"(*).

Ao contrario do que costumo fazer na segunda-feira, "não vou comentar sobre a semana da vergonha":  deixo por conta da reflexão silenciosa dos inocentes. São milhões de brasileiros desencantados, que até bater suas panelas esqueceram. O desafio maior nesse país sem rumo é dos pais: o que deixar de legado para seus filhos, no meio de tanta podridão. Sem neto e sem filhos pequenos, não me sinto preparado para comentar tão relevante tema.

Atrás de um bom subsídio, dois artigos bem interessantes deram suporte para o comentário: "Testemunho sobre filhos, museus e o nu", de Marcius Melhem, e o "Abominável mundo novo", de Lira Neto. O primeiro é o  relato de um pai sobre a recente polêmica envolvendo a visita de crianças a museus onde o nu estava naturalizado, olhado com interesse artístico pelas crianças. Inclusive por suas duas filhas. (**)

Já Lira Neto, na condição de pai, ao visitar uma escola paulistana de ensino fundamental, em bairro de classe média, ficou apavorado com o que viu: jovens espalhados pelo pátio, encostados nas paredes, sentados no chão, praticamente todos os alunos mantinham os olhos presos às telinhas dos respectivos celulares. Estavam fisicamente juntos, mas separados por uma barreira invisível. (***)

O que fazer diante da censura, no caso dos museus, e da massificação da informação, no caso  das redes sociais? Em relação a censura, penso ser mais fácil se opor e ganhar a atenção dos jovens. Já contra a tecnologia, que permite a informação instantânea é um caminho sem volta. Faz parte da vida dessa geração. Não sei qual vai ser o resultado dessa profunda transformação em curso na sociedade. Só o tempo pode nos dizer.(****)    

(*) Geddel não tem cacife para ser o "chefe da quadrilha". Não sei não, acho que só cuidava da grana. Chefe não deixa suas impressões digitais no dinheiro.

(**) "Aprendi sobre o corpo humano da forma mais erótica e grosseira - sem beleza, sem arte, olhando a mulher como um projeto do prazer alheio. Querer proibir o acesso ao nu artístico com a desculpa de proteger crianças, além de desleal, é burro. Esta visão diz muito sobre quem a tem. Talvez essas pessoas sejam o adolescente que eu fui, mas sem se recuperar no tempo".  Marcius.

(***) "Por minha condição de pai, conheço muitos pré-adolescentes e já havia constatado que a maioria deles se recusa a qualquer espécie de imersão interior ou mesmo ao exercício da contemplação do mundo." E Lira Neto, conclui: "Enquanto isso, existe gente por aí querendo censurar exposições de arte. O verdadeiro perigo parece estar nas mãos de nossas crianças e adolescentes, livremente, acessíveis a um clique."

(****) É tanta informação que chega ao jovem de hoje, que ele não consegue processar. Por outro lado as notícias que chegam pelas fontes convencionais de comunicação, não animam mais ninguém. E o que é pior: fazem parte de uma estratégia de alienação coletiva. Conscientes disso, ou não, os jovens encontram nas redes sociais espaço  para compartilhar seus sentimentos.   

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