sexta-feira, fevereiro 09, 2018

O auxílio-moradia e o Carnaval

Na quarta-feira cheguei dos EUA, detonado! Entre horas de voo, tempo nos aeroportos, conexões e fuso horário, se somados: foram quase 30 horas. Na quinta, o dia foi para resolver demandas que me aguardavam. À noite, lendo alguns artigos, as horas se passaram e quando me dei conta -  já era sexta-feira de Carnaval. Dia sagrado para quem gosta  dos blocos de rua. Como o assunto do momento é o auxílio moradia dos magistrados, alguma "marchinha" vai lembrar do juiz Sérgio Moro. Afinal defender "que o auxilio moradia que recebia era uma forma de compensar o salário que não era corrigido", só mesmo aqui. E mesmo assim, como tema para um samba enredo.(*)

Não sei se motivado por Moro, Sérgio Rodrigues, indignado com o auxílio-moradia "da nossa casta togada", como se refere aos juízes no seu artigo de ontem, saiu-se com essa: "Que país desgraçado. Ainda bem que vai começar o Carnaval". No mesmo dia e no mesmo jornal, quinta -feira, 8/2, José Simão, seguindo o espírito carnavalesco dos próximos dias, também se supera: "Carnaval! Eu quero auxílio-tanga!" (FSP)

O mal estar gerado pelo auxílio-moradia aos togados, não se encerra no Carnaval. O tema volta com mais força, depois que as escolas e os blocos passarem. O descrédito é tamanho, que um desembargador aposentado, José Felipe Ledur, de Porto Alegre, assim se manifestou: "Não foram necessárias duas décadas  para provar que o Judiciário é um fracasso intelectual e moral".  )

(*) O juiz Sérgio Moro, que mora num apartamento próprio em Curitiba, não esconde que recebe um auxílio-moradia de R$ 4.378,00 por mês. E ainda justifica: é para compensar a falta de reajuste salarial. Um pagamento com dinheiro público, aos olhos da sociedade - indevido! Em 2014, o ministro Luiz Fux deu uma liminar autorizando o pagamento para todos os juízes do país. Embora em caráter provisório, a liminar permanece ao longo dos anos. Enquanto não é apreciada, a sangria aos cofres públicos continua. A inexplicável  postergação por parte do Supremo, segundo dados divulgado pela imprensa, nos custa cerca de um bilhão de reais por ano. Com a pressão da sociedade, a ministra Carmem Lúcia, que preside a corte, anunciou para março à apreciação da matéria. Vamos ver agora como votam os ministros.

PS- Que ironia. No Carnaval, nossa maior festa popular,  o auxílio-moradia virou piada de bloco de sujo. Por essa, nem o juiz Moro esperava. 


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