quinta-feira, maio 31, 2018

Quem somos nós e a greve dos caminhoneiros

Por muito tempo a greve dos caminhoneiros vai ser lembrada. Em parte, pela extensão que tomou e as consequências que trouxe. Embora tenha comentado sobre as lições e preocupações dessa greve que parou o país, não sei que legado vai nos deixar. Daqui a pouco vem a Copa e logo depois as eleições. Da parte do governo, de olho nas eleições, a greve está superada e é página virada. Já em relação aos caminhoneiros: saem fortalecidos. Penso que muito aprenderam. Agora sabem a força que tem e que é mais fácil entrar do que sair de uma greve. E quanto a nós sociedade, não ganhamos e nem perdemos. Apenas mostramos quem somos!

Essa afirmação que faço coincide com o texto de Mariliz Pereira Jorge, a nova colunista da Folha(*). Segundo ela, "O pior do Brasil é o brasileiro." O brasileiro apoiou a greve (**). Só que não quer ficar sem gasolina, carne para o churrasco e uma cerveja gelada. Sua compreensão de solidariedade, educação coletiva e de respeito ao próximo, não existe fora da sua zona de conforto. Imagens na TV, em grupos do WhattsApp e nas redes sociais, nos revelam um brasileiro mal-educado que só pensa em si. Retrato fiel de uma sociedade tomada pelo baixo astral que tomou conta do país. 

Mariliz Pereira comenta com profunda indignação, a transformação que há no comportamento das pessoas. O barulho que fazem é para garantir o tanque cheio e as prateleiras dos supermercados abastecidas.  O resto que se dane. E conclui: "O brasileiro quer um país diferente desde que não envolva sacrifícios pessoais. Quer mais Estado e menos impostos. Não é genial? Quer que as coisas mudem, mas sem mudar o próprio comportamento." 

(*) Mariliz Pereira, 46, é jornalista pós-graduada em relações internacionais.
(**) Segundo a Datafolha, 87% dos entrevistados declararam apoio a greve.

   

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