terça-feira, maio 08, 2018

Viver em harmonia: até isso nos falta

Na segunda-feira, 07, o comentário que postei faz referência aos encantos de Berlim. Como observador atento das ruas, poucos dias foram suficientes para perceber a enorme diferença de andar em Berlim ou em Florianópolis. As calçadas largas e cuidadas, ruas limpas, ciclovias bem implantadas e seguras ajudam as pessoas a viver em harmonia com o seu entorno.

Outro  dia li que o fluxo de turismo  entre o Canadá e os EUA, se alterou. Depois de Trump diminuiu muito o número  de canadenses em visita aos EUA. O mesmo fenômeno, pelas mesmas razões, se observa em relação aos mexicanos.  A Venezuela, com suas belas praias e ilhas, já teve seu lugar ao sol. Atualmente, ninguém considera a Venezuela como destino turístico.  O que faz as pessoas se identificarem com um lugar depende muito se há harmonia naquela  cidade ou  naquele país.

O Rio de Janeiro, por exemplo, deve estar pagando um preço alto pela desarmonia em que se encontra. Falta de gestão, desemprego, violência e corrupção em todas as esferas,  são fatores que acabam com a imagem de qualquer cidade. Em outra escala, o mesmo se aplica ao Brasil.

No exterior, a vontade de nos conhecer já foi maior. A época do "país tropical abençoado por Deus e bonito por natureza", se foi. O povo alegre, cheio de esperança, pouco a pouco foi sendo substituído pelo desencanto e pelo mal humor.  Agora, as perguntas que fazem sobre o que está se passando com o Brasil nos constrange. E não é para menos: como mostrar a nossa cara ao mundo, quando uma juíza de primeira instância impede um Prêmio Nobel, Adolfo Perez Esquivel, visitar um presidente da República, seu amigo  de longa data, preso em Curitiba.(*)

Como explicar aos outros sobre a nossa triste realidade, onde cada dia é uma agonia. Cada semana um escândalo. Na semana passada amigos do presidente de longa data e a sua própria filha foram ouvidos pela Polícia Federal. Na sequência, dezenas de doleiros presos em função de suas operações  criminosas. Todos velhos conhecidos no mercado das falcatruas pelos serviços que prestam. (**)

Por mais que alguns possam discordar das minhas observações, o país perdeu parte da boa imagem que tinha lá fora e da auto estima que tinha aqui dentro. Duas condições básicas para se viver em harmonia, sem grandes traumas .  

(*)  A juíza Carolina Lebbos, de Curitiba, vai ter que se explicar no  Supremo porque tem impedido a visita ao presidente Lula. Abriu as portas para a revista VEJA fazer mais uma matéria sobre  Lula e nega a entrada de governadores, de uma Comissão da Câmara dos Deputados e de um Prêmio Nobel. 

(**) Segundo Janio de Freitas: "A permissividade é a regra do Banco Central, da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e do alto judiciário para a atividade de doleiros. Por quê? Pense em quem são os clientes dos doleiros. Dinheiro é poder". 

PS - Os dois exemplos acima retratam o "Brasil que não queremos".  O primeiro pela lamentável pobreza de espírito; o segundo pela gravidade do comentário. Ambos precisam de resposta.  Aliás, como também o assassinato da vereadora Marielle, perto  de completar dois meses.  


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