sexta-feira, junho 15, 2018

O desinteresse pela Seleção


A recente pesquisa da Datafolha, que registra o desinteresse dos brasileiros pela seleção, em nada me surpreende. Da Suécia até a Rússia, uma longa história nos separa. Muitas coisas aconteceram nestes 60 anos. Enquanto Pelé e Zito caminhavam pelas ruas de Estocolmo, com a simplicidade da época (*), nossas atuais celebridades circulam pelo mundo em aviões próprios com seus brincos, tatuagens e roupas de grife. Pode até não ser essa a razão do distanciamento da torcida e da paixão que havia, mas que tem algo de errado, tem.

O certo é que muita coisa mudou. Glórias passadas não apagam erros presentes e muito menos incertezas futuras. A CBF teve seus dois últimos presidentes afastados por corrupção e a grande maioria dos jogadores que hoje estão na Seleção  não jogam mais aqui. Da última Copa, só restou a tristeza dos 7 x 1 contra a Alemanha e a vergonha das obras inacabadas. Que belo legado...

Portanto, o resultado da pesquisa - em parte - reflete a nossa desastrosa participação na Copa passada. Afora isso, penso que o desinteresse pela Seleção também tem a ver com a política e a situação do país. Um fator extracampo importante, já que envolve o humor das pessoas, seus sonhos e frustrações. Na Rússia, dependendo do resultado da Seleção, o clima pode até mudar. É inegável que o time se encontrou com o novo técnico e até pode ganhar a Copa. Já em relação a nós brasileiros, o bom astral vai custar a chegar. 

(*) Na foto acima, que recebi do meu amigo Laurez, dois grandes ídolos do passado: Zito e Pelé. Nunca vou me esquecer da Copa na Suécia (1958). Jogamos muito e pela primeira vez fomos campeões do mundo.  A pouca informação que se tinha vinha pelo rádio. E foi pelas ondas do rádio, na praia do Cassino, que fiquei sabendo que um menino - com seu futebol arte - tinha encantado o mundo.   

Nenhum comentário: