quarta-feira, setembro 16, 2020

A destruição da Amazônia e a omissão do governo

Incêndio próximo ao município de Humaitá, 26/8, no Amazonas (Ueslei Marcelino/Reuters)

Em meio à pandemia até o mico-leão-dourado mudou de habitat, apareceu num vídeo produzido para mostrar uma Amazônia preservada. De responsabilidade da Associação dos Criadores de Gado do Pará, o vídeo virou notícia no mundo todo. Até o vice Mourão e o ministro Salles aproveitaram o simpático mico,  para melhorar a imagem. Se deram mal, o leão-dourado vive na Mata Atlântica. 

Enquanto o governo evita falar sobre a Amazônia, a última pesquisa publicada sobre a preocupação dos brasileiros com a floresta mostra que mais de 80% dos entrevistados estão indignadas com a tragédia amazônica. É quase uma unanimidade, dá para dizer que só ficou de fora quem ganha com a prática criminosa. Ampliar os apoios, se articular e construir um movimento de resistência em defesa da Amazônia, é urgente. 

A partir do conhecimento do mal que fazem grileiros de terra, garimpos ilegais, desmatamento e queimadas criminosas, se consegue ganhar a opinião pública. As cenas das queimadas na Amazônia e no Pantanal são muito fortes. A invasão em terra indígena e a proliferação do garimpo ilegal, abrindo feridas na floresta e contaminando rios com mercúrio; é algo tão acintoso quanto a omissão do governo.  

Uma recente reportagem de Fabiano Maisonnave e Lalo de Almeida na Folha, dia 10, alerta que na "terra de Mourão", garimpo ilegal atua sob vista grossa do Exército. E que a Operação Verde Brasil 2 envia informações contraditórias sobre o combate à atividade na região. A denúncia é muito grave e precisa ser apurada.

A matéria começa assim: "Apesar de a espessa fumaça dos incêndios florestais atrapalhar a visão não há como perder a cena: diante da orla de Humaitá, no sul do  Amazonas, dezenas de balsas de garimpo de ouro operam ilegalmente no rio Madeira, 24 h por dia".(*)

Segundo a reportagem a atividade ocorre a algumas centenas de metros do 54º Batalhão de Infantaria de Selva do Exército, uma das unidades participantes da Operação Verde Brasil 2. A Operação é da responsabilidade do vice-presidente, o general Mourão.(**)

(*) A denúncia tem materialidade, faz parte da reportagem fotos das balsas de garimpo. Tanto Mourão como Salles tem responsabilidade sobre o que acontece de ilegal na Amazônia. 

(**) A cidade de Humaitá, a 700 km de Manaus, com uma longa tradição de garimpo ilegal e um histórico de resistência a fiscalização, guarda outra particularidade: trata-se da terra natal da família do general Mourão. (FSP 10/9)  

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