sexta-feira, setembro 04, 2020

Amazônia: desmatamento não traz desenvolvimento

 Em plena pandemia com o PIB do segundo trimestre confirmando o pior desempenho da economia na nossa história recente (- 9,7%),  o agronegócio mostra a sua força e cresce na crise. A conjugação de três fatores são responsáveis pelo bom desempenho: inovação tecnológica no campo, o mercado chinês e a desvalorização do real.

Como não sou do setor, os fatores acima identificados não passam de intuição. Se estão certos, cabe aos especialistas analisarem. São eles que podem nos dizer, se os bons resultados vão se repetir nas próximas safras. O conhecimento acumulado e a tecnologia desenvolvida, asseguram uma alta produtividade no campo. No entanto, a mesma certeza já não se tem sobre as relações do atual governo com a China. Quanto a desvalorização do real, que impactam nas exportações, tudo indica que deve continuar. (*)

Na leitura despretensiosa que faço, a grande incógnita sobre o futuro do agronegócio está na Amazônia. Garimpeiros e posseiros estão a vontade para agir na ilegalidade. Com a porteira aberta, as moto serras roncam e os garimpos avançam. A região mais observada do planeta, virou terra de ninguém. Segundo o historiador Herbert Klein, 84, pesquisador da Universidade de Stanford, "o desmatamento é inimigo do agro". Profundo conhecedor da América Latina, o professor Klein avalia que os grupos que estão destruindo a Amazônia, não fazem bem para a agricultura e muito menos para o desenvolvimento econômico.

Segundo ele o governo brasileiro tem sido inconsequente tomando ações  contra o meio ambiente e a China, com impacto direto sobre o comércio agrícola brasileiro. Se não controlar a destruição da Amazônia, o acordo UE/MERCOSUL corre um sério risco. O país além de perder o mercado europeu, também  irá enfrentar dificuldades no relacionamento com os vizinhos latinos.

(*) A frase não é minha,  é do Paulo Guedes: "a gente tem que errar muito para o dólar chegar a R$ 5,00 no final do ano". Estão tá...

 PS - A entrevista com o professor Klein está disponível no Caderno AGROFOLHA,  de 01/9.


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