quinta-feira, outubro 22, 2020

ACORDA, Floripa!


    Foto: Cristiano Estrela / Secom

Uma das cidades mais bonitas que conheço é Florianópolis. Só que o tempo está passando e corre contra ela. Da forma como cresce, em breve será insustentável. O centro é a ligação com o continente.  Um verdadeiro funil que desemboca em duas pontes, por onde passam cerca de 100 mil carros por dia. Pontes não são eternas e as nossas já dão sinais de fadiga. A resposta está no mar, de fácil acesso e boa navegabilidade. Essa condição é única, basta construir dois atracadouros públicos: um  na Baia Sul e outro na Baia Norte. Um projeto de rápida implantação, que ajudaria a Região Metropolitana se integrar. Simples assim.(*)

Para completar essa ideia tão óbvia, adicionaria algo mais futurista. Desafogar o centro oferecendo como opção, uma frota de micro ônibus elétricos. De uso público e gratuito, para circular pela região central facilitando a vida das pessoas. A mobilidade elétrica é uma realidade e a transição já está em curso no mundo. Quem está se propondo administrar Florianópolis, precisa estar de olho no futuro. 

Com a pandemia deu para ver como estão saturadas nossas ruas e vias. O que ontem era um problema, hoje virou um caos. Sem mudar radicalmente o planejamento urbano, não tem solução. Pesquisa recente da ANTP (Associação Nacional de Transporte Públicos) mostrou que 39% das 67 bilhões de viagens realizadas no país foi por meio de caminhadas. Para os especialistas, muito em função do preço da passagem e da qualidade do serviço prestado. Aliás, nada diferente do que temos aqui.(**) 

As ciclovias, sempre lembradas quando o tema é mobilidade urbana, também dependem do poder público. Quem é simpático a essa alternativa, precisa votar em quem está comprometido - com a mais saudável forma das pessoas se deslocarem. Ciclovia, não é pintar uma bicicleta no asfalto. Ela tem que ser segura e integrada para facilitar a vida dos amantes das bikes. Um grupo que cresce na cidade, mesmo se arriscando  no nosso trânsito caótico. Pedalar é muito bom, com segurança melhor ainda.... (***)

Por isso que eu sempre falo, voto tem consequência...

(*) Com a eleição em curso, em plena pandemia, uma nova ameaça paira sobre a nossa cidade. O governo autoritário do Bolsonaro pôs à venda o aterro central, com mais de 200 mil m². O eleitor precisa saber a posição de cada candidato  a prefeito sobre essa violência urbana. E os nossos  representantes em Brasília, o que dizem sobre isso? Ou para eles a prioridade é reduzir a área do Parque Nacional de São Joaquim?  

(**) Caminhar faz bem e pode ser pensado como política pública. Desde que se dê condições urbanas (calçadas decentes) e percursos de fluxo de integração com o transporte público.

(***) Na Europa as ciclovias são seguras e planejadas. Se integram numa grande malha. Em algumas cidades o deslocamento por bicicleta chega representar 40% da mobilidade urbana. Como seria importante para nós uma gestão que priorizasse essas mudanças.  

PS - A responsabilidade de propor o novo é bem maior do que repetir o velho; pois gera expectativa nas pessoas que acolheram as novas ideias. Mudar faz parte da vida. Quanto mais aqui, uma cidade submetida por décadas aos mesmos interesses.  

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