segunda-feira, novembro 23, 2020

No Dia da Consciência Negra, racismo, brutalidade e morte

 Na sexta-feira, 20, Dia da Consciência Negra, o comentário que ia para o blog estava pronto na minha cabeça. A capa da Folha de São Paulo trazia algo inusitado, a foto de duas mulheres catarinenses, negras e eleitas pelo voto popular. A primeira, Antonieta de Barros, assumiu a cadeira na Assembleia Legislativa em 1934. Seu feito fez dela a primeira negra eleita deputada no país. A segunda catarinense, merecidamente destacada, foi Ana Lúcia Martins. A professora eleita em 2020, é a primeira negra na Câmara Municipal de Joinville.

Aos historiadores deixo como sugestão, um olhar mais atento para o racismo em Santa Catarina. Como a sociedade catarinense vem se comportando nesses 90 anos, que separam a eleição de Antonieta de Barros da de Ana Lúcia. O momento atual de acirramento ao racismo, exige  respostas. Ana Lúcia Martins, antes mesmo de ocupar o cargo de vereadora - foi ameaçada de morte. 

 Nesse mesmo dia 20, que era para ser de celebração, em Porto Alegre as cenas de violência contra um negro chocaram o país. O assassinato de João Alberto por dois seguranças do Carrefour, foi brutal. Tudo filmado na frente de testemunhas, como se fosse algo natural bater numa pessoa até matar. 

Se não bastasse as barbares à nos atormentar, as declarações públicas do presidente Bolsonaro e do seu vice Mourão, tentando minimizar o ocorrido, são patéticas. Até parece que combinaram, pois declararam que no Brasil não existe racismo e "isso é uma coisa que querem importar". Bolsonaro deve achar que vem lá dos EUA. Já o seu vice, Mourão, não devia falar o que falou. Como general conhece a história do Brasil e sabe que o racismo sempre existiu. Nada é importado: tudo é "made in Brazil".

PS - No encontro virtual do G-20, Bolsonaro voltou a nos envergonhar. No sábado, em visita ao Amapá, a vaia foi grande. É o que sempre falo, voto tem consequência.

Nenhum comentário: