quarta-feira, novembro 25, 2020

O apagão do Amapá e o desmonte do setor elétrico

Formado em engenharia mecânica pela Universidade de Rio Grande - FURG, em 1972, fui para o IPH - Instituto de Pesquisa Hidráulica, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ali o Ministério de Minas e Energia formava os seus quadros. Com a eleição de Collor, o antigo Departamento Nacional de Água e Energia Elétrica (DNAEE), foi extinto. E com ele lá se foi o meu emprego.

Em 1977 entrei para a Eletrosul, no GERU - Grupo de Estudos do Rio Uruguai. Na década de 80 passei a responder pelos sistemas isolados do Mato Grosso do Sul. O estado recém tinha sido criado através de um decreto do presidente Geisel; numa separação física, elétrica e institucional do Mato Grosso.

A energia elétrica, em sua grande parte, vinha de grupos geradores diesel. Uma geração extremamente  cara, que servia para enriquecer uma rede organizada de oportunistas. Com muito enfrentamento, isso foi se modificando. Pequenas hidroelétricas foram reativadas, subestações e linhas de transmissão da Eletrosul passaram a dar confiabilidade ao sistema. 

Diante do vergonhoso apagão do Amapá,  resgato essa história para lembrar como avançamos graças a Eletrobras e suas subsidiárias. Atualmente, o único estado que não faz parte do sistema interligado nacional é Roraima. (*)

Com o desmonte intencional do setor elétrico, que começou no final da década de 90, a Eletrobras perdeu força e situações como a do Amapá vão se repetir. Não é profecia. O governo para atrair investidores, desvaloriza ativos, facilita as condições de pagamento e permite que negócios obscuros proliferem.  Quem paga a conta é o consumidor, com reajustes tarifários bem acima da inflação. (**)

(*) - Em Roraima a energia vinha da Venezuela, só que  o contrato venceu e não foi prorrogado. No atual governo nos fechamos para a América Latina, só se pensa no Trump. Em função desse desencontro, quase toda a energia gerada é a base do diesel.  O custo é muito alto, sendo repartido por todos nós. A conta é da ordem de 6 bilhões de reais/ano.

(**) - No Amapá privatizaram tudo, agora não sabem o que fazer. É um somatório  de  erros e falhas. No sábado 21, já na terceira semana do apagão, Bolsonaro esteve lá.  Saiu vaiado. Aos amapaenses que já votaram no Sarney para o Senado, mesmo ele sendo do Maranhão, só me cabe lembrar: voto tem consequência.  

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