Bolsonaro e as 500 mil mortes pela covid

                                 Manifestação FORA BOLSONARO em São Paulo
 

Depois das manifestações de sábado, 19, que tomaram conta das ruas do Brasil, consolidando definitivamente o "FORA BOLSONARO", se esperava do presidente uma declaração pública sobre a tragédia em curso que vem destruindo famílias e acabando com o futuro do país. Muito mais constrangedor que o ronco das motos ou adentrar num avião comercial, foi o silêncio sepulcral de Bolsonaro em relação às 500 mil mortes de brasileiros por covid. Não sei se ainda vai falar ou assumiu que o ministro das Comunicações, Fábio Faria, falou por ele.(*)

A hora de ir para a rua é agora. Não dá mais para ficar em casa apostando no desgaste do governo. As mortes continuam, o empobrecimento da população é real, a vacinação segue lenta, o desemprego é crescente, os jovens estão sem referência e os adultos sem esperança. A inflação cresce a olhos vistos e penaliza os que mais precisam de ajuda. Para milhões de brasileiros sem o auxílio emergencial falta comida no prato. Para quem já foi a sexta economia do mundo, um quadro desolador.

Todos os presidentes do Brasil que antecederam Bolsonaro sempre tiveram uma postura humana em relação às nossas tragédias. Acidentes aéreos como o último da Gol, ambientais como os de Mariana e Brumadinho, urbanos como a tragédia da boate Kiss em Santa Maria, encontraram por parte dos nossos mandatários respeito e conforto às famílias enlutadas. Nenhum presidente se silenciou diante qualquer desgraça que se abateu sobre nós.

O último incidente presidencial foi adentrar num avião da Azul, no Aeroporto de Vitória, dia 11. Bolsonaro, sem máscara e sem ser passageiro, foi vaiado e xingado. Provavelmente vai sobrar para o comandante da aeronave a punição. O avião estava prestes a decolar com cerca de 100 passageiros. Tamanha irresponsabilidade não pode ficar impune. Qualquer acidente com esse voo, que felizmente não aconteceu, não teria como explicar. 

Por falar em avião, às vezes pergunto se os seguidores do Bolsonaro tem noção do que representa 500 mil mortes. Se soubessem deixariam o seu mito de lado: são 5000 aviões com 100 passageiros a bordo que caíram durante poucos meses. Quase que 20 tragédias aéreas por dia. Pensem nisso que vai ajudar vocês entenderem a extensão do desatino. (**)

(*) Fábio Faria ironizou as 500 mil mortes por covid demonstrando todo o seu despreparo para o cargo,  desprezo pela vida dos que morreram e pela dor dos familiares que ficaram. 

(**) A média diária de mortes no Brasil ontem, 22, superou a da Índia, cuja população é 6 vezes maior do que a nossa. Agora lideramos o ranking mundial de mortes por dia. Só espero que o descaso com a vida não fique impune. Que volte logo a esperança.