quinta-feira, outubro 21, 2021

"Só sei que nada sei" (Sócrates 399/470 a.C.)

                                                       Beira Bar Norte - Floripa (Mauro Passos)

                              Basta olhar o por do sol para perceber que pouco sabemos 

Na última quinta-feira, 14, tive a oportunidade de conhecer melhor o ICL, Instituto Conhecimento Liberta. Fiquei tão bem impressionado que logo me lembrei da célebre frase do rei dos filósofos, "Só sei que nada sei". A empatia se deu naquela noite durante as duas horas de aula de Eduardo Moreira, para 50 mil pessoas. Nunca pensei que pudesse haver uma aula com tanta gente. Depois de conhecer melhor o instituto percebi que ali era o meu lugar: um espaço junto com pessoas que pregam o conhecimento como algo libertário. Na mesma noite me tornei membro do ICL

O Instituto Conhecimento Liberta acaba de completar um ano. Já está em 44 países de todos os continentes. Oferece mais de 80 cursos que vão da história da arte, filosofia, economia, ciências políticas, violão e culinária. Você encontra cursos preparatórios para a prova da OAB e aprende a língua que quiser, até o mandarim. O conhecimento como objetivo é o que move esta máquina do saber. (*)

A minha primeira experiência com o ICL foi com um tema atual: "Os segredos da economia do comportamento". Uma viagem bem informativa sobre a ciência que estuda os hábitos. Como era de se  esperar, afastado das aulas, no início dei uma "travada comportamental". Logo destravada pelo excelente professor o Edu Moreira, como gosta de ser chamado: "Relaxem, aqui ninguém é cobrado. Deixem o mundo competitivo lá fora. Não tem prova nem nota. Curtam a aula". Foi o que fiz.  

Aprendizado segundo ele, é uma mudança de comportamento. Por isso a presença crescente de robôs nas redes sociais. A função deles é querer te conhecer e influenciar no seu comportamento. Na última década eles se especializaram em analisar hábitos e perfis. Depois conseguem, sem que você perceba, identificar suas conexões: de amor, de ódio, de repulsa ou de amizade. Com isso conseguem formar o chamado "mundo paranoico das bolhas". É um grupo que tem em comum viver fora da realidade.

Um estudo do MIT aponta que para se manter coeso no tempo essas bolhas que se formam dependem de uma enxurrada de fake news. Segundo o estudo, uma notícia falsa  se espalha numa velocidade muito acima da verdadeira. Se for sobre política então, os dados são assustadores. O estrago é grande e perdura no tempo. Infelizmente, para boa parte dos  eleitores os políticos têm pouca credibilidade e estão sempre devendo. 

Para quem opera as redes sociais com segundas intenções, a grande dificuldade  não é lidar com os usuários comuns. Estes, em sua maioria, nem leem, recebem e passam adiante: funcionam como propagadores das mentiras. Para eles o problema está nos verificadores de fatos. Nas eleições de 2018 que elegeu Bolsonaro, Witzel, Moisés e tantos outros desconhecidos da política, tudo foi muito bem pensado. A estratégia era não dar tempo aos verificadores de fatos, conhecer os candidatos. Ao contrário de outras eleições,  ser desconhecido passou a ter valor. Para o eleitor descrente a esperança sempre está no novo, mesmo que ele se arrependa depois.

Os robôs, são robôs. Nada além disso, por enquanto. Na eleição de 2018 se tornaram  poderosas ferramentas de replicar mensagens, com o objetivo de eleger Bolsonaro. Por isso, identificar e se afastar dos robôs, só vai te preservar. Um alerta importante, evite responder  as mensagens. Se você não conseguir se segurar, pelo menos seja leve na hora de responder. Se possível irônico. Ajuda muito e deixa o provocador sem ação.

Outro dado que os estudos mostram é a importância da violência no noticiário. Dependendo da região podem ocupar 60 até 70% do noticiário. As notícias são destacadas para amedrontar e silenciar as comunidades. Quanto menor ela for, mais assustada fica. Numa cidade maior ela se dilui e deixa de ser tão impactante.  Nada disso é por acaso, tudo pensado. As pessoas fragilizadas são mais suscetíveis a apoiar um líder. Por isso que elas são estimuladas à defender o país que está ameaçado. Pode ser do que for: ambientalistas, professores, bispos e padres fazem parte da lista.    

Outra novidade foi conhecer a "espiral do silêncio. Um processo de respostas ofensivas e repetidas, que destrói a autoestima das pessoas. Novamente é a mente doentia do ser humano usando os robôs para silenciar os que pensam diferente. Com isso  se cria uma maioria silenciosa dominada por robôs. E por se sentirem envergonhados dessa condição de dominação, se isolam. Uma sociedade calada,  desinformada ou mal informada; é tudo que o Brasil não precisa. Pense nisso, o conhecimento liberta!

(*) O grupo que se formou durante a aula do dia 14,  é o de número 221.  No total entre bolsistas e membros do instituto o ICL já conta com mais de 50 mil participantes.

PS - Bolsonaro se elege deputado federal pelo Rio de Janeiro, há 28 anos. Em parte isso se deve a sua grande família militar, como ele gosta de dizer. Em Brasília, nas três décadas de mandato, pouco fez. À rigor, só teve seu nome associado a palavrões, ameaças e bravatas. Em fevereiro de 2017, Bolsonaro concorreu pela terceira vez ao cargo de presidente da Câmara Federal. Num colégio eleitoral de 513 deputados, obteve quatro votos. No ano seguinte se elegeu presidente do Brasil. Sem a menor noção dos desafios que teria pela frente, em mil dias de governo Bolsonaro já perdeu mais da metade dos seus eleitores.         

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