quarta-feira, março 06, 2024

Mudanças climáticas, se há um consenso é que o mar está subindo

Os sinais da natureza estão dados, tanto no hemisfério Norte, como no Sul. Com altas temperaturas e grandes incêndios, frio intenso e fortes chuvas, geleiras derretendo e o nível do mar subindo, as mudanças climáticas e suas consequências estão entre nós.  As informações que nos chegam, não encontram respostas com a mesma velocidade e racionalidade. Não se trata só de uma ação tardia às ameaças locais, mas ficamos reféns de desastres ambientais crescentes em intensidade e bem mais frequentes no tempo. (*)

Para quem mora numa ilha cercada de praias, mangues, lagoas e dunas, a proteção ambiental das belezas naturais que encontramos em Florianópolis, deveria ser uma obsessão - compromisso de cada cidadão. Ao contrário do que alguns insistem em rotular novas visões de cidade, proteger não significa congelar o desenvolvimento. Os melhores indicadores de urbanismo, mobilidade, meio ambiente e qualidade de vida, se encontram justamente em cidades que se diferenciam da mesmice. (**)

Quando as gestões se perpetuam através de compromissos obscuros, a primeira coisa que acontece é o fim do diálogo. O poder público passa a se aproximar e dialogar com os interesses do capital privado. A transparência tão desejada pelos munícipes desaparece, e o silêncio vira regra. Os mal feitos são acobertados pela maioria dos vereadores e a cidade deixa de ser a cidade que se quer. Talvez por ter sido duas vezes vereador na capital, a constatação que ora relato - me incomoda profundamente.

Quem acompanha o blog de Olho no Futuro, sites de notícias e redes socais, sabe das preocupações que expresso nas publicações. Recentemente a Ilha que todos conhecem e se encantam, está passando por um processo de engordamento das suas praias. Como se trata de um projeto que interfere diretamente no movimento do mar, que como sobe desce, pelo alto custo e pelas modificações que está causando, a iniciativa deveria ser melhor debatida com a sociedade. Os prefeitos podem se achar, mas não são donos das cidades. Muitos quando deixam o cargo, o legado que fica é uma cidade desfigurada.

Já estamos na terceira praia que passa por esse processo de alargamento, sem que se tenha informações detalhadas e oficiais sobre o que está acontecendo. Como um ex-vereador interessado no tema e comprometido com a cidade e seu futuro, todo o sábado passo em Jurerê Internacional para acompanhar a obra (foto abaixo). No último dia 2, uma novidade no cenário, um largo e profundo canal cortando parte da praia já aterrada. Não se sabe se foi água da chuva represada, se é água não tratada despejada de forma criminosa, ou até mesmo uma necessidade da obra. Ao fundo aparece a draga botando areia. O que se busca é informação, que aliás é obrigação de qualquer gestor público.                      


A um quilômetro dali uma situação inversa chama a atenção de qualquer um. Em Canajurê, onde ficam as marinas, a praia foi totalmente modificada. A movimentação do mar está retirando o aterro que fizeram para alargar a praia de Canasvieiras e botando a areia em Canajurê. Como consequência a praia ficou larga e perdeu profundidade. Só pra exemplificar o estrago as lanchas estão impedidas de atracarem no velho trapiche que está ali a mais de trinta anos. Pelo silêncio que reina entorno do assunto, algo a encobrir deve ter. (foto abaixo)                    


(*) Rio do Sul, cidade polo de uma importante região, passou por cinco enchentes em um ano.

(*) As capitais do Texas e do Wisconsin, Austin e Madison, se encontram na lista das melhores cidades para se viver nos EUA. Entre os principais motivos: suas universidades, ambas entre as 100 melhores do mundo, a integração vida acadêmica/comunidade, novos negócios/empregos e urbanismo focado na qualidade de vida das pessoas. Conheço bem as duas. 

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