Por formação não sou um bom vendedor. Mas também por formação sei diferenciar "entregador" de vendedor. Quem sabe vender valoriza o que tem, seja o que for. Em Davos a nossa participação foi lamentável.
Ao atribuir a pobreza como "o pior inimigo da natureza", o ministro Paulo Guedes repete uma ultrapassada leitura, de cinquenta anos atrás, que associava os problemas ambientais a pobreza extrema. Como nada é por acaso, as declarações do ministro procuram tirar o foco do descaso que o atual governo tem com as questões ambientais, como se isso fosse possível.
As pessoas presentes em Davos sabem, que os três mais recentes e graves desastres ambientais que vivenciamos são da responsabilidade do capital e não da miséria: está na conta da Vale as centenas de pessoas que morreram em Brumadinho; nos grileiros de terras públicas as milhões de árvores que queimaram na Amazônia; e foi de alguma petroleira o petróleo que chegou as praias do nordeste.
Não precisava o ministro buscar uma desculpa esfarrapada como a que usou, para encobrir o descaso com o meio ambiente. Só perdemos credibilidade ao afirmar "que as pessoas destroem o meio ambiente porque precisam comer". Ninguém come a lama de Brumadinho, o carvão ainda em brasa na Amazônia ou o petróleo que chegou na areia das praias do nordeste - porque está com fome.
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