quarta-feira, maio 26, 2021

A privatização da Eletrobras e o voto dos deputados catarinenses


Alguém já se perguntou porque apenas dois deputados de Santa Catarina, Gilson Marques (NOVO) e Pedro Uczai (PT),  votaram contra a privatização da Eletrobras? Não esperava por esse resultado. Afinal, Santa Catarina foi o primeiro estado a se organizar contra as privatizações. Aqui, na década de noventa, nasceu o MUCAP - Movimento Unificado Contra as Privatizações que uniu BESC, CELESC, CASAN e ELETROSUL. O silêncio sobre a votação da semana passada, é constrangedor. Os deputados estão quietos em função do voto que deram. Não pensaram nos catarinenses. Os benefícios foram para as regiões norte e nordeste, como confirma a Folha de São Paulo em editorial. (*)

Numa recente entrevista à colunista Estela Benetti comentei minha preocupação com a privatização da Eletrobras e as suas consequências. Estudos já apresentados mostram que o reajuste nas tarifas de energia vai variar de 10% a 20%, dependendo da classe de consumo. Pelo que vem sendo anunciado o maior reajuste deverá recair no setor industrial, com impacto direto em toda a economia. 

Não aposto no pior, muito pelo contrário. Três anos atrás percorri o estado inteiro com técnicos da FIESC apresentando o Programa Indústria Solar, uma iniciativa da própria instituição. O objetivo do programa era levar conhecimento e motivar os empresários catarinenses a investirem na geração de sua própria energia. 

Na época usava como argumento que "o maior incentivo a energia solar são os reajustes abusivos da energia elétrica", corrigidos anualmente pela Aneel. Historicamente os índices concedidos se dão acima da inflação. Centenas de pequenas e médias empresas entenderam o recado e se tornaram autoprodutores de energia. 

O tempo passou e o preço da energia disparou. Agora, alegam que os reservatórios estão baixos e as térmicas estão ligadas. A partir do ano que vem o consumo de energia vai subir e os reajustes também. O impacto no bolso dos consumidores será inevitável, sejam eles  residencial, comercial e industrial.   

(*)  O voto a favor da privatização da Eletrobras dos deputados catarinenses, não faz nenhum sentido. A não ser fortalecer a CODEVASF, braço do Centrão nas regiões norte e nordeste. A bancada catarinense, sem trazer qualquer benefício para o estado,  liderou o ranking nacional dos votos a favor do projeto. Senhores deputados, as cobranças virão. Se quiserem comentar o voto dado o blog está disponível. 

PS- A Folha de São Paulo, o principal jornal do país, com forte viés privatista, confirmou em editorial "A vez da Eletrobras?", do dia 24/5, o que vinha alertando sobre mais uma privatização suspeita:  "Aprovado com placar de 313 votos a 167, o diploma garante recursos para a continuidade de patronagem política em estados menos desenvolvidos. Ao interferir na organização do setor, pode trazer efeitos indesejáveis, como o  aumento da conta de luz. A proposta original do governo já fora montada para aplacar resistências políticas, sobretudo das bancadas do Norte e do Nordeste, ao prever R$8,75 bilhões em dez anos para essas regiões...."  

Um comentário:

Unknown disse...

Mais uma vez a bancada de deputados federais de SC, com raras e nobres exceções, decepciona. Recentemente aprovaram irresponsavelmente a flexibilização do licenciamento ambiental, a precarização e apadrinhamento nos serviços públicos. Que fase passamos, que logo chegue outubro de 2022!