Uma recente pesquisa apontou que noventa por cento dos brasileiros gostaria de ver a Amazônia preservada. Um ótimo sinal. No entanto o desmatamento e o garimpo ilegal continuam lá, presentes e ativos como se fosse uma terra sem lei.
As cenas criminosas que nos chegam, são revoltantes. E crescem a olhos vistos. Se não houver uma ação imediata a preservação da floresta fica inviável ainda nessa década. O que fazer diante dessa realidade? A pergunta que faço é para todos nós e precisamos nos empenhar para encontrar as respostas.
Por mais boa vontade que se possa ter, no Dia Mundial do Meio Ambiente, não temos o que comemorar. A ocupação irregular cresceu 56% nos dois anos do governo Bolsonaro, foram 6,3 milhões de hectares. Em abril o desmatamento ilegal foi o maior dos últimos 10 anos, foram 778 km². Significa desmatar, em um único mês, uma área equivalente a uma vez e meia a Ilha de Santa Catarina.
O fiasco amazônico sob a proteção do Estado é uma realidade. A Operação Verde Brasil 2, liderada pelas Forças Armadas, foi encerrada sem apresentar resultados. A taxa oficial de desmatamento saltou 9,5% no ano passado em comparação com 2019, no espaço de tempo coberto pela operação militar. Qualquer dúvida, perguntem para o responsável pela operação: o general Mourão.
Em 2021, com o aporte de 410 milhões, a Operação Verde Brasil consumiu mais de três vezes o orçamento do Ibama e do ICMBio para fiscalização ambiental e o combate a incêndios. Logo depois veio o corte orçamentário dos órgãos vinculados ao Ministério do Meio Ambiente, que mereceu uma manifestação pública de todos os ex-ministros do Meio Ambiente do Brasil, pelo esvaziamento das atividades de preservação dos nossos recursos naturais.
Para quem acompanha o noticiário, nenhuma surpresa. O governo tem dado inúmeras manifestações de desprezo com a questão ambiental. O que fazer diante dessa constatação? A recente entrevista de Elizabeth Kolbert, formada em Yale e vencedora do prêmio Pulitzer/2015, confirma nossa preocupação. Ela afirma que falta compromisso dos governos em relação às mudanças climáticas. (*)
Quanto aos recursos internacionais sempre lembrados para alavancar projetos de preservação da floresta, Elizabeth ressalta que só serão disponibilizados dependendo do comprometimento do governo. Em relação à Amazônia, a nossa imagem lá fora é a pior possível. No entanto, o tema que estamos tratando extrapola qualquer governo, preservar a floresta amazônica atende os interesses nacionais e o futuro da vida na Terra.
Para Elizabeth Kolbert, de forma resumida a Amazônia é o nosso grande ativo. "O Brasil é um jogador chave na questão de como o mundo vai estar daqui a 30, 40, 50 anos, então espero que os brasileiros vejam que preservar o que resta da floresta atende aos seus maiores interesses. Vocês têm a responsabilidade de ser o lar dessa parte extraordinária da Terra".
(*) Elizabeth Kolbert, 59, formou-se em literatura em Yale. Atualmente, é colunista da revista The New Yorker. Em 2015, ganhou um prêmio Pulitzer pelo livro "A sexta Extinção".
PS - A expectativa pela saída do ministro Salles é grande. Sua permanência no cargo é insustentável. É "muita boiada passando". Alguém e$tá levando. Madeira apreendida ilegalmente nos portos americanos proveniente do Brasil - foi a gota d'água.
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