A que ponto chegamos: segundo Paulo Guedes "o astronauta é burro!"

Em 26/10, numa reunião na Câmara, o Ministro da Economia chamou o seu colega, Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, de "burro". Diante tamanha grosseria, alguma coisa precisava ser feita. Os dois continuam nos seus respectivos cargos, como se nada de grave tivesse acontecido. O país, como todos sabem, já foi a sexta economia do mundo e agora é a décima segunda. Um dos motivos da nossa derrocada está diretamente associado a um governo que não se respeita.    

Com a inflação, o desemprego e o dólar em alta, Paulo Guedes, que já foi chamado de Posto Ipiranga, deveria ter mais cuidado com as palavras. Afinal, não custa lembrar que foi ele que disse que só errando muito para o dólar chegar aos R$ 5,00 no final do ano. O dólar está cotado a R$5,70  e não dá sinais de baixar. Todos os indicadores apontam para uma maior desvalorização do real, podendo chegar a seis reais.  Sobre isso Guedes nem toca no assunto. Talvez porque seja bom para ele. Nunca se sabe o que se passa nas internas. (*)

Já Marcos Pontes, o ministro astronauta, também está pedindo para sair. Com as verbas do ministério cortadas pela metade, deixa evidente a sua fraqueza ao não defender a sua área e a sua gestão. Em outras palavras, um coitado. Num momento em que a ciência é reconhecida como urgente para a humanidade, se assiste o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação ter seus minguados recursos retalhados.

As consequências saltam aos olhos: jovens estudantes sem a bolsa do CNPQ, podem perder seus sonhos e desistirem de fazerem parte do desenvolvimento do país. O que é de uma tristeza e burrice sem igual. Honestamente, não sei o que Guedes pensa do seu colega Marcos Pontes, como também não quero saber o que o "astronauta pensa do Posto Ipiranga". Só sei que quanto mais tempo ficarem, pior será para o Brasil.

A gestão caótica não se limita à economia e à ciência, ela está em todo lugar. São as porteiras que se abrem no Meio Ambiente para a "boiada passar"; ou a revoada no Ministério da Educação de todos os gestores do Inep às vésperas da prova do Enem. Se você quiser alguma resposta oficial, vá lá no cercadinho para ouvir o de sempre: "É isso daí!".

(*)  Não foi por acaso que a CVM abriu processo sobre a Petrobras após a fala de Bolsonaro sobre a privatização da empresa. Quem tem uma informação privilegiada pode ganhar muito com o sobe e desce da cotação das ações na Bolsa. Vamos aguardar. (Fonte: Reuters, 27/10)     

PS - UM TAPA DE LUVA EM BOLSONARO, é o que se pode chamar a renúncia coletiva de 20 cientistas que iam ser condecorados pela Ordem Nacional do Mérito Científico. Deixaram o mito com as medalhas na mão. A mobilização se deu em apoio a Marcus Vinícius Guimarães Lacerda e Adele Schwartz Benzanken, ambos da Fiocruz, que tiveram as suas indicações anuladas por Bolsonaro,  na sexta-feira (5). Em carta aberta denunciaram a perseguição aos colegas, corte de verbas no setor e o retrocesso aos avanços alcançados pela comunidade científica brasileira nas últimas décadas. Sem valorizar a ciência o atraso se estabelece.