sexta-feira, novembro 12, 2021

Bolsonaro e seus fantasmas

Nunca gostei de escrever sobre a covid, o grande tema global dos últimos dois anos. Parte da dificuldade que tenho atribuo ao meu desconhecimento para abordar um desafio científico, político, econômico e social dessa magnitude. Ainda mais quando o assunto está relacionado a um vírus desconhecido que matou milhões de pessoas.  Sempre foi assim, é um bloqueio que carrego que está associado ao sofrimento humano. 

A CPI da Covid nos permitiu ver como a vacina,  um experimento científico, passou a ser tratada no país oficialmente como algo indesejado. O que se passou nos bastidores do que era para ser uma política exitosa de estado, se mostrou na prática uma campanha de negação da vacina com forte viés político. Felizmente a CPI do Senado foi criada e  o Consórcio Nacional de Imprensa também. Um desvendou a bandalheira e o outro sepultou de vez a informação de má fé.  

Quando comentei o alívio que foi Santa Catarina celebrar o dia 9/11, como o primeiro dia que o estado não  registrou nenhum óbito por covid, sabia da boa repercussão que teria. Guardei carinhosamente a manifestação de uma assídua leitora, "A  esperança voltou. Até sorri". Que resumo singelo da tragédia humana que se abateu sobre nós.  

De volta ao meu comentário anterior fui atrás de outra citação que resume a nossa realidade. De autoria do genial Gregorio Duvivier"Somos o único povo do mundo que vacinou à revelia do presidente". Bolsonaro fez de tudo para não dar certo e ainda continua negando a importância da vacinação. Perdeu feio, capitão!

Para quem só pensa na reeleição e governa para isso, a situação só se agrava. Além da inflação, que é a maior dos últimos 20 anos, do desemprego e do real  desvalorizado; as ruas mostram o nosso empobrecimento. O Brasil que já foi a sexta economia, agora é a décima segunda,   Afora isso, um presidente sem rumo com outros fantasmas a lhe ameaçar.  

O legado da Covid 19 no Brasil é de muita dor. São mais de 610 mil mortes, que atingiram diretamente as famílias, amigos e vizinhos. Fora outros milhões de brasileiros contaminados que se salvaram. Alguns até hoje com sequelas para administrar, outros angustiados pelo sofrimento da experiência que passaram. Para essas pessoas, em particular, vítimas do descaso, a covid não foi uma "gripezinha". Para eles, nada será como antes.

PS - A pior de todas as notícias para quem busca a reeleição veio na última quinta, dia 11. Enquanto festejava vitórias políticas patrocinadas pelo Centrão e conduzidas por Arthur Lira, a Veja publicou que 70% dos brasileiros não querem mais quatro anos para Bolsonaro. ( Fonte: Matheus Leitão)